segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Apelo regressivo


Você não consegue ver que estamos afundando? Oh, Deus, como não vê isso? Está tão claro. O que antes era considerado inabalado e impossível de destruir, agora é nada mais do que cinzas jogadas ao vento. Não sei como se sente em relação a isso. Não sei nem se consegue ver o que eu vejo. Eu sei, eu vejo demais, meu bem, mas o que eu posso fazer? Ou é um dom ou uma maldição. Fico com a primeira opção, particularmente. Independente disso, eu sei que verá um dia. Mas será tarde demais?
Não, eu não quero te perder. Não quero perder o que levamos tanto tempo para cultivar e de forma tão natural. Não somos como plantas transgênicas, somos naturais. Nossa relação sempre foi assim. Eu a semente, você o solo, ou vice-versa, que seja, mas um dependendo do outro para crescer e sobreviver. Claro, não desconsideremos os fatores externos, mas o essencial nós tínhamos, certo? Um ao outro. A semente e a terra. Mas para onde foi tudo isso?
A gente se confundiu pelo caminho, eu sei. Decisões erradas, ou certas, mas aplicadas de um jeito errado. Não sei. OK? EU NÃO SEI. Fico dizendo que foi errado, mas não sei de verdade. Só estou partindo do princípio de que isso não poderia estragar de jeito nenhum o que nós temos. Tínhamos. Sei lá. Não. Não consigo aceitar que tudo simplesmente mudou assim por causa daquilo. E daí? Isso não tinha que servir apenas para fortalecer nosso laço? Selar ainda mais a nossa amizade? Droga! O que está acontecendo afinal que eu não consigo mais pensar nas coisas racionalmente? Está tudo de cabeça para baixo. O que era verde passou a ser rosa pink de repente. E eu não consigo lidar com isso, amor, desculpa.
Você é bem mais prático que eu. É claro: você é homem. HOMEM! Homens são práticos, nada dramáticos. Tá, você é dramático. Sempre foi. Mas e daí? Sempre amei isso em você. Meu melodramático favorito. Desculpa, eu fugi, né? Você sabe que eu sou cheia de chamegos e tudo mais (chamegos? quem usa essa palavra?). Mas eu não estou nem aí. Você sempre me amou assim do jeito que eu sou. Exagerada, neurótica, cheia de medos e traumas. E os meus princípios? É, eles são o nosso mais novo tema de conversa, né? Mas essa sou eu, bebê, desculpa mais uma vez.
Só fico pensando quando foi que tudo isso mudou. De verdade. Antes, bem antes de tudo, éramos perfeitos, nos amávamos e vivíamos bem com tudo. Sabíamos o quão fortes e imbatíveis éramos juntos. Depois veio aquela onde de desespero e culpa. Tudo misturado. Um turbilhão daqueles que nos tira do sério e acaba com as nossas intensas rotinas. A minha, quero dizer. Sua rotina não é intensa, e você sabe, né? Ra,desculpa, amor, mas é verdade.
Agora estamos nisso. Eu aqui perdida, em dúvida, com culpa, remorso, saudade, medo. É, é muito para uma pessoa só sentir. Mas eu agüento. Sou forte e sei lidar bem com os problemas. Não é por isso que eu quero ser psicóloga? Já você eu não sei. Não sou prática, então não consigo avaliar a situação por praticidade. Desculpa não te entender, bebê, mas acho que você também não me entende muito bem. Só aceita e tal porque me ama. Ou me amava. Sei lá. Amor é coisa complicada de definir. Ainda mais quando está tudo misturado.
Eu menti. Desculpa. Prometemos não fazer mais isso depois do que aconteceu da última vez, né. Por isso estou falando logo a verdade. Porque você sabe que eu não minto. Ou pelo menos tento não mentir coisas realmente relevantes. Então admito. Eu menti. Não consigo aguentar. Estou ficando louca e sem chão. Mesmo. Esse pacote de sentimentos está pesando muito nas minhas costas. Não quer dividir um pouco comigo? Ajudar-me a carregar? Desculpa. Você não tem que carregar coisas que são produto da minha neurose e falta de controle. Mesmo. Eu te libero disso. Em partes. Só não me deixe no escuro, amor, porque isso eu não aguento.
Podemos ser como éramos antes ainda? Eu me pergunto isso a cada minuto. Às vezes eu queria que o tempo voltasse para que pudéssemos ver o corredor e temer a entrada. Isso sim teria impedido as coisas. Estaríamos como antes. Irmãos de alma. Lembra? Ai, droga, comecei a chorar. Claro, a garota emotiva acabou de entrar no texto para dizer ‘oi’. Então eu digo: qual o problema dela? Por que ela não pode simplesmente aceitar o rumo que as coisas estão tomando e continuar a viver? Mas eu sei a resposta. É óbvio demais. A partir do momento que você começou a fazer parte da minha vida é impossível eu tirá-lo dela. Desculpe. Mas eu não posso simplesmente abrir mão de uma das pessoas que eu mais amo e confio no mundo. Você sabe disso. Sabe o quanto eu te amo e sempre te amei. Como você sempre foi a minha fuga, o meu abrigo. Como o teu abraço era o que eu almejava por semanas, até que finalmente arranjássemos tempo para nos encontrar. Nossa, não dá.
Eu te falei como foram aqueles meses sem você. Descrevi o vazio que a minha vida ficou. Lembra o que você disse? Que isso não ia mais acontecer. Que esperava que tudo tivesse passado assim que voltamos a nos falar. Passou. Eu não menti quando eu respondi.  Mas eu não esqueci a dor que eu senti. Não tem como esquecer. E eu não quero sentir isso de novo. Não, não, por favor, não me deixe sentir isso de novo. Fica aqui comigo. Por favor! Vamos retroceder. Nada é impossível, vamos tentar, vamos mudar. Sei lá. Só fica aqui comigo de novo. Fala comigo, diz que me ama mais que tudo. Vira a noite conversando comigo. Deixa eu corrigir as suas palavras. Eu deixo você me chamar de ignorante por não entender tanto de computador como você. Eu não ligo. Juro. Eu te deixo mexer no meu cabelo o quando você quiser. Pode embolar. Eu não estou nem aí. Mas não deixa ele embolado. Vem tirar o nó com as suas mãos que eu tanto amo e quero sempre ter nas minhas. Não. Eu não quero ter receio de andar contigo de mãos dadas porque sempre fizemos isso. Sempre nos abraçamos em público. O que está acontecendo agora? Eu não quero perder isso. Por favor. Então vamos retroceder. Sei que somos melhores do que isso.
Vou implorar para Deus. Claro que venho pedindo todos os dias para ele me ajudar a me entender e a te entender. Mas eu vou começar a gritar por ele para ter você aqui. Ele sabe que sem você não dá. Eu já disse. Eu não tenho vergonha de dizer. Eu amo você. Demais. Sem você não dá. A nossa amizade é a coisa mais importante para mim. Então vamos manter isso, ok? Diz que sim. Vem cá e me abraça daquele jeito que só você sabe. Puxa-me pra você e diz que vai ficar tudo bem porque eu vou ter você sempre aqui comigo. Nossa, como dói pensar na tua ausência. Como dói conviver com ela. Eu não vou aguentar. Você aguenta, eu sei. Aguentou antes, vai conseguir agora também. Mas eu não. Então, por favor, não esquece o que sempre fomos para o outro e fica na minha vida porque eu quero ficar sempre na sua, do jeito que for.

3 comentários:

  1. Eu queria dizer que vai voltar tudo ao normal, pra você não se preocupar. Infelizmente, não posso te abraçar e te dar esse conforto.
    Você sabia desde o início que seria assim, camillinda. Sabia e ainda assim escolheu teu caminho. E você voltaria atrás só por saber o "fim" que as coisas teriam? Não, claro que não. Ninguém nunca se arrepende de ter vivido algo bom, mesmo que a ausência desse algo seja dolorosa.
    Você vai superar e vai dar um jeito, como deu em outras situações. Lembra que há um tempo atrás você achou que outra dor fosse ser insuportável? E a superou, correto? Aclama teu coração, teu futuro é lindo, gata...

    Estou aqui para o que for.
    (Nem sei se posso comentar essas coisas no seu blog, mas você não liga pra exposições rs)
    Beijos.

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  2. HAUUHAUHAUHAUAUHUHA. É, não ligo mesmo. Cara, eu estou tentando fazer isso. Quando eu tenho um problema é sofro, me corroo por dentro e pois eu procuro um porquê dentro das razões de Deus para mim. Eu encontrei. Acho que sei porque isso está acontecendo agora e talvez eu me tranquilize. Mas é sempre difícil deixar as pessoas que você ama para trás, ainda mais as que você mais ama. Obrigada, Paulinha linda, pelo apoio e atenção que você sempre me da.

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