Você não
consegue ver que estamos afundando? Oh, Deus, como não vê isso? Está tão claro.
O que antes era considerado inabalado e impossível de destruir, agora é nada
mais do que cinzas jogadas ao vento. Não sei como se sente em relação a isso.
Não sei nem se consegue ver o que eu vejo. Eu sei, eu vejo demais, meu bem, mas
o que eu posso fazer? Ou é um dom ou uma maldição. Fico com a primeira opção,
particularmente. Independente disso, eu sei que verá um dia. Mas será tarde
demais?
Não, eu não
quero te perder. Não quero perder o que levamos tanto tempo para cultivar e de
forma tão natural. Não somos como plantas transgênicas, somos naturais. Nossa
relação sempre foi assim. Eu a semente, você o solo, ou vice-versa, que seja,
mas um dependendo do outro para crescer e sobreviver. Claro, não
desconsideremos os fatores externos, mas o essencial nós tínhamos, certo? Um ao
outro. A semente e a terra. Mas para onde foi tudo isso?
A gente se
confundiu pelo caminho, eu sei. Decisões erradas, ou certas, mas aplicadas de
um jeito errado. Não sei. OK? EU NÃO SEI. Fico dizendo que foi errado, mas não
sei de verdade. Só estou partindo do princípio de que isso não poderia estragar
de jeito nenhum o que nós temos. Tínhamos. Sei lá. Não. Não consigo aceitar que
tudo simplesmente mudou assim por causa daquilo. E daí? Isso não tinha que
servir apenas para fortalecer nosso laço? Selar ainda mais a nossa amizade?
Droga! O que está acontecendo afinal que eu não consigo mais pensar nas coisas
racionalmente? Está tudo de cabeça para baixo. O que era verde passou a ser
rosa pink de repente. E eu não consigo lidar com isso, amor, desculpa.
Você é bem mais
prático que eu. É claro: você é homem. HOMEM! Homens são práticos, nada
dramáticos. Tá, você é dramático. Sempre foi. Mas e daí? Sempre amei isso em
você. Meu melodramático favorito. Desculpa, eu fugi, né? Você sabe que eu sou
cheia de chamegos e tudo mais (chamegos? quem usa essa palavra?). Mas eu não
estou nem aí. Você sempre me amou assim do jeito que eu sou. Exagerada,
neurótica, cheia de medos e traumas. E os meus princípios? É, eles são o nosso
mais novo tema de conversa, né? Mas essa sou eu, bebê, desculpa mais uma vez.
Só fico
pensando quando foi que tudo isso mudou. De verdade. Antes, bem antes de tudo, éramos
perfeitos, nos amávamos e vivíamos bem com tudo. Sabíamos o quão fortes e
imbatíveis éramos juntos. Depois veio aquela onde de desespero e culpa. Tudo
misturado. Um turbilhão daqueles que nos tira do sério e acaba com as nossas
intensas rotinas. A minha, quero dizer. Sua rotina não é intensa, e você sabe,
né? Ra,desculpa, amor, mas é verdade.
Agora estamos
nisso. Eu aqui perdida, em dúvida, com culpa, remorso, saudade, medo. É, é
muito para uma pessoa só sentir. Mas eu agüento. Sou forte e sei lidar bem com
os problemas. Não é por isso que eu quero ser psicóloga? Já você eu não sei.
Não sou prática, então não consigo avaliar a situação por praticidade. Desculpa
não te entender, bebê, mas acho que você também não me entende muito bem. Só
aceita e tal porque me ama. Ou me amava. Sei lá. Amor é coisa complicada de
definir. Ainda mais quando está tudo misturado.
Eu menti.
Desculpa. Prometemos não fazer mais isso depois do que aconteceu da última vez,
né. Por isso estou falando logo a verdade. Porque você sabe que eu não minto.
Ou pelo menos tento não mentir coisas realmente relevantes. Então admito. Eu
menti. Não consigo aguentar. Estou ficando louca e sem chão. Mesmo. Esse pacote
de sentimentos está pesando muito nas minhas costas. Não quer dividir um pouco
comigo? Ajudar-me a carregar? Desculpa. Você não tem que carregar coisas que
são produto da minha neurose e falta de controle. Mesmo. Eu te libero disso. Em
partes. Só não me deixe no escuro, amor, porque isso eu não aguento.
Podemos ser
como éramos antes ainda? Eu me pergunto isso a cada minuto. Às vezes eu queria
que o tempo voltasse para que pudéssemos ver o corredor e temer a entrada. Isso
sim teria impedido as coisas. Estaríamos como antes. Irmãos de alma. Lembra?
Ai, droga, comecei a chorar. Claro, a garota emotiva acabou de entrar no texto
para dizer ‘oi’. Então eu digo: qual o problema dela? Por que ela não pode
simplesmente aceitar o rumo que as coisas estão tomando e continuar a viver?
Mas eu sei a resposta. É óbvio demais. A partir do momento que você começou a
fazer parte da minha vida é impossível eu tirá-lo dela. Desculpe. Mas eu não
posso simplesmente abrir mão de uma das pessoas que eu mais amo e confio no
mundo. Você sabe disso. Sabe o quanto eu te amo e sempre te amei. Como você
sempre foi a minha fuga, o meu abrigo. Como o teu abraço era o que eu almejava
por semanas, até que finalmente arranjássemos tempo para nos encontrar. Nossa,
não dá.
Eu te falei
como foram aqueles meses sem você. Descrevi o vazio que a minha vida ficou. Lembra
o que você disse? Que isso não ia mais acontecer. Que esperava que tudo tivesse
passado assim que voltamos a nos falar. Passou. Eu não menti quando eu
respondi. Mas eu não esqueci a dor que
eu senti. Não tem como esquecer. E eu não quero sentir isso de novo. Não, não,
por favor, não me deixe sentir isso de novo. Fica aqui comigo. Por favor! Vamos
retroceder. Nada é impossível, vamos tentar, vamos mudar. Sei lá. Só fica aqui comigo
de novo. Fala comigo, diz que me ama mais que tudo. Vira a noite conversando
comigo. Deixa eu corrigir as suas palavras. Eu deixo você me chamar de
ignorante por não entender tanto de computador como você. Eu não ligo. Juro. Eu
te deixo mexer no meu cabelo o quando você quiser. Pode embolar. Eu não estou
nem aí. Mas não deixa ele embolado. Vem tirar o nó com as suas mãos que eu
tanto amo e quero sempre ter nas minhas. Não. Eu não quero ter receio de andar
contigo de mãos dadas porque sempre fizemos isso. Sempre nos abraçamos em
público. O que está acontecendo agora? Eu não quero perder isso. Por favor.
Então vamos retroceder. Sei que somos melhores do que isso.
Vou implorar
para Deus. Claro que venho pedindo todos os dias para ele me ajudar a me
entender e a te entender. Mas eu vou começar a gritar por ele para ter você
aqui. Ele sabe que sem você não dá. Eu já disse. Eu não tenho vergonha de
dizer. Eu amo você. Demais. Sem você não dá. A nossa amizade é a coisa mais
importante para mim. Então vamos manter isso, ok? Diz que sim. Vem cá e me
abraça daquele jeito que só você sabe. Puxa-me pra você e diz que vai ficar
tudo bem porque eu vou ter você sempre aqui comigo. Nossa, como dói pensar na
tua ausência. Como dói conviver com ela. Eu não vou aguentar. Você aguenta, eu
sei. Aguentou antes, vai conseguir agora também. Mas eu não. Então, por favor,
não esquece o que sempre fomos para o outro e fica na minha vida porque eu
quero ficar sempre na sua, do jeito que for.
Eu queria dizer que vai voltar tudo ao normal, pra você não se preocupar. Infelizmente, não posso te abraçar e te dar esse conforto.
ResponderExcluirVocê sabia desde o início que seria assim, camillinda. Sabia e ainda assim escolheu teu caminho. E você voltaria atrás só por saber o "fim" que as coisas teriam? Não, claro que não. Ninguém nunca se arrepende de ter vivido algo bom, mesmo que a ausência desse algo seja dolorosa.
Você vai superar e vai dar um jeito, como deu em outras situações. Lembra que há um tempo atrás você achou que outra dor fosse ser insuportável? E a superou, correto? Aclama teu coração, teu futuro é lindo, gata...
Estou aqui para o que for.
(Nem sei se posso comentar essas coisas no seu blog, mas você não liga pra exposições rs)
Beijos.
*acalma teu coração
ResponderExcluirHAUUHAUHAUHAUAUHUHA. É, não ligo mesmo. Cara, eu estou tentando fazer isso. Quando eu tenho um problema é sofro, me corroo por dentro e pois eu procuro um porquê dentro das razões de Deus para mim. Eu encontrei. Acho que sei porque isso está acontecendo agora e talvez eu me tranquilize. Mas é sempre difícil deixar as pessoas que você ama para trás, ainda mais as que você mais ama. Obrigada, Paulinha linda, pelo apoio e atenção que você sempre me da.
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