quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Apelo por misericórdia

                Deus, eu não entendo o que acontece comigo. De verdade. O que eu sempre peço para o Senhor? Felicidade, amor, paz, saúde. Peço-te sempre para colocar no meu caminho boas pessoas, que gostem de mim da maneira que eu sou. Estou constantemente rogando por tua piedade, pedindo que me permita ser feliz de maneira plena algumas vezes, já que sempre não é possível. Pois bem. Quando o Senhor coloca essas pessoas maravilhosas em minha vida, o que eu faço? Deixo-as irem embora.
Meu Deus, eu juro que não faço de propósito. Juro que quando peço por essas pessoas, é de coração. É o que eu realmente desejo. Mas por que não posso me interessar por elas, Senhor? Por que eu não posso ver em quem é bom a felicidade e encontrar nesses a compensação?
                Eu me apaixono pelo bipolar, que mente descontroladamente e não possui a menor consideração por mim. Pelo cara que não sabe nem ao menos o que quer, está sempre em cima do muro e só sabe ciscar constantemente no meu terreno sem chegar realmente a algum lugar. E ainda consigo me apaixonar por aquele que eu daria a vida para manter a amizade, que sempre soube tudo sobre mim, principalmente o tamanho do meu amor por ele, mas que bastou uma mistura de sentimentos para que a amizade fosse considerada lixo e jogada fora. E o bom, o legal, o carinhoso, o paciente, o atencioso? Por que não me apaixono por ele?
                As pessoas devem estar certas ao meu respeito – eu gosto de sofrer. Sim, eu tenho tendência à melancolia e a solidão. Talvez seja até isso que faça o meu dom da escrita perdurar, contudo, onde está a minha felicidade pessoal? Aquela realização de amar descontroladamente uma pessoa e saber que é amada de volta? Escrever é maravilhoso. Me conforta e regenera, porém é preciso viver e ser feliz de vez em quando, e ainda habituar-se a escrever sobre a felicidade. Sim, minha vida amorosa se resume a tragédias desde que eu aprendi que o amor pode ser mágico, ou seja, desde sempre. Contos com finais felizes me iludem há tanto tempo, que isso já fazia parte do que eu era: acreditar no “felizes para sempre”.
                Claro, eu amadureci bastante. Passei por uma experiência traumática aos 15 anos que me fez ver a realidade das relações interpessoais. Você se apaixonada por seres aparentemente perfeitos, não liga para opiniões alheias, só leva em consideração aquela imagem idealizada que construiu da pessoa. De repente a mesma cansa de te usar e segue a vida. Mas você não, está apaixonado e não entende como aquele ser que você tanto gosta não vá estar ao seu lado da maneira que tanto foi sonhada por ti. Pois bem. Essa é a realidade.
                Em contrapartida, entra na sua vida alguém extremamente bom e positivo, que com certeza só está ali para somar. Mostra interesse por você e faz de tudo para ficar ao seu lado. E o que você faz? Não se interessa por essa pessoa, não sente absolutamente nada a não ser carinho. Meu Deus, como isso é possível? Aquele que não te quer de forma alguma é o ídolo. O que te deseja a qualquer custo é o indiferente?
Às vezes eu chego a pensar que não mereço nada além de desprezo. De verdade. Deus me dá aquilo que eu peço e eu simplesmente ignoro e não consigo fazer mais nada a respeito. Na realidade, eu mereço mesmo é ficar sozinha suspirando com os romances das tramas que leio, pois neles os personagens sabem aproveitar a oportunidade que lhes é dada. Mesmo que demorem a ver, no final acabarão juntos, pois é assim que deve ser. Mas eu não, eu tenho é que ficar cobiçando esses romances, eu mereço isso. Eu não tenho o direito de pedir mais nada dentro desse campo, pois eu não sei aproveitar quando me é dado.
                Eu lhe peço perdão, meus Deus, de todo o meu coração. Queria muito conseguir abrir meu coração para aqueles que realmente o merecem e querem, mas eu devo ser idiota demais ou louca demais para isso. Meu destino deve ser exatamente esse: sofrer por aqueles que não me querem em suas vidas e ajudar as pessoas com os meus conselhos. Só. Nada mais do que isso, eu sei e, eu juro, Senhor, que vou fazer todo o possível para lembra-me de não pedir pessoas que me amem em minha vida. Todas as vezes que eu pensar em orar por isso vou me recordar do quão imbecil eu sou ao receber essas pessoas em minha vida.
Amém.

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