sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


Eu sinto dor. Muita dor. E não é como antes. É pior. Antes eu sabia que era um estorvo e que eu tinha que me livrar daquilo. Sabia que só me fazia mal, que nunca acrescentaria nada de positivo na minha vida, tal qual não o fez. Porém agora é diferente. Isso é diferente. Com aquilo eu perdi a crença. A minha capacidade de acreditar no perfeito, no sonho, no sincero. Foi difícil. Nossa, Deus sabe como foram difíceis todos aqueles meses. A diferença se dá pelo fato de eu saber que aquilo não era bom, só não tinha coragem de me livrar. Agora não. Agora é completamente diferente. Eu sei que só somava, só tornava melhor. Eu sei o quanto foi depositado nisso – confiança, amor, carinho, afeto, segredos, dúvidas, risadas e muito, muito mais. Imagine uma caixa. Ela é bonita, revigorada, feliz. Ela está bem consigo mesma por ser do jeito que é. Porém, começa a sentir falta de algo e isso a incomoda. Assim, ela arranja algo para por dentro de si. Algo bom, que a faz feliz e ainda a faz se sentir completa. Porém, com o tempo, ela percebe que é muito peso para si, é maior do que pode agüentar. Não que a caixa seja fraca, mas cada caixa é diferente, e aquilo que ela carrega não é compatível com a sua grandeza, por isso começa a enfraquecê-la. Livra-se disso que a está fazendo mal, porém, é difícil, pois ela sabe que sentirá falta, se sentira vazia e inútil, por mais que não seja e todos saibam disso. Um dia, finalmente, ela toma coragem e se livra daquele peso que a estava atrasando. Pois bem, isso foi o que eu fiz com aquilo.
A caixa continua sua vida, sentindo falta daquilo, sentindo um vazio dentro de si e achando aquilo o fim do mundo. Até o dia que descobre que viver sem aquele peso é bem melhor, que era apenas uma questão de costume. Afinal, ela continua sendo uma caixa, certo? Pois bem. Até o dia em que uma parte de si mesma é levada. Sim. Uma de suas laterais é rasgada e leva para longe dela. Aquela lateral faz parte de sua existência. Define o que ela é. Sim, ainda lhe sobram as outras partes, mas estas não têm seu total valor se aquela não estiver presente. É o conjunto de suas partes que a fazem ser uma caixa.
Eu sou a caixa. Eu perdi uma parte essencial para definir quem eu sou. Continuo aqui, viva, porém não inteira. Deixei de ser útil para uma série de coisas. Deixei de ser bela. Perder isso é como se uma parte de mim fosse arrancada do meu próprio ser. E não dá para sobreviver sem ela... Ah, não dá. Nunca mais será a mesma coisa. Cada momento da minha vida passado sem esse pedaço doera mais e mais. Essa ferida vai sangrar, inflamar e se manter ali, por toda a minha vida. Quem sabe um dia eu não me acostume a viver com essa dor e posso finalmente recomeçar sem isso. Mas eu sempre sentirei falta. Sempre terei sido mais feliz a tendo e todos os dias de minha vida eu desejarei esse pedaço de volta. Pois ele é meu, sempre foi meu. Viver sem ele é não ser quem eu sou e eu não estou pronta para me abandonar. 

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