sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Romance de verão


Você sai para viajar, se instala em algum lugar legal e começa a imaginar tudo o que pode acontecer nesse ambiente novo, que te tira da rotina, te livrando das obrigações diárias. Você planeja fazer amigos, comer e dormir muito, ou não dormir nada, dependendo do ponto de vista, e ainda espera que tenha direito ao bônus de um romance de verão. Mas o que seria isso afinal?
Esse tipo de relação é bem interessante porque você quer que ela aconteça para que a sua viagem tenha um sentindo gostoso e divertido, porém não tem certeza se isso irá realmente possível. Assim, passar a observar cada pessoa do lugar e analisar a probabilidade de um envolvimento com cada uma delas, descartando as que não forem supostamente compatíveis. Quando você para de procurar e se convence que realmente não vai dar para acontecer, ou seja, que terá que se contentar com as amizades que fará durante a sua estadia, a tal pessoa aparece.
É bem de leve sabe. Ela vem numa surpresinha disfarçada, sem cara nem contexto para que ocorresse algum interesse, mas ele acontece. Você bate o olho na pessoa e começa a imaginar diversas coisas com ela. A diferença: você imagina tudo o que poderia fazer ali, nos arredores do local. Não passa pela sua cabeça de imediato o que poderia acontecer se vocês fossem a um cinema, ou a um jantar romântico, balada ou derivados. Não. Você imagina cada canto do lugar tendo a presença da pessoa e analisa se seria positivo ou não.
Sendo positivo começa a investida. Essa é dureza, admito. Não se sabe nada da vida dela, a não ser o que ela mesma conta. Você não possui um amigo em comum para perguntar sobre a vida de quem está interessado. É aquilo ali que ela mostra para você e pronto. É bem complicado. E o primeiro tópico de preocupações dessa lista é: será que essa pessoa tem namorada ou namorada?
Os olhares começam. De lá para cá. Você não tem medo de se mostrar interessada ou de parecer uma depravada já que provavelmente nunca mais verá essa pessoa na vida. Você flerta com toda carga de energia que possível, pois aquilo é como uma atividade lúdica que faz parte de suas férias. Depois dos olhares vem a próxima etapa: o contato físico.
Esse começa a ser abrangente demais. Muitos abraços que normalmente seriam desnecessários; muito carinho e chamego; exagero nas reações para parecer sempre melhor do que é fazendo assim com que a pessoa se aproxime. É, devo dizer, a melhor fase. Ela cria dentro de você uma necessidade louca de querer mais e não saber que passo deve dar por causa do desconhecer que há entre os dois. Ao mesmo tempo em que você quer tudo,  não quer nada.
Quando finalmente os dois resolvem ceder, o beijo rola, a pegação rola, e o que mais que cada um faça acaba por rolar também. Aqui depende de cada pessoa. Mesmo sabendo que provavelmente não verei mais o cara, eu não vou me entregando toda, deixando ele fazer o que ele quiser. Minha posição é como seria com qualquer outro garoto. Mas para aquele que tem coragem e gostam, há uma grande e divertida entrega entre o temporário casal.
O dia seguinte é bem complicado. Você não sabe bem como deve se comportar, o que deve fazer quando o vir. Não sabe se as pessoas podem ou não saber do que acontece/aconteceu entre vocês, pois nem você sabe se quer ficar tão exposta assim. A atitude normalmente é tomada pelo homem da história, mas a mulher pode muito bem dar uma olhada para saber se terá ou não um replay.
Descobrindo que vocês continuam juntos, começa o frisson. A vontade de ficar o tempo todo com a pessoa, mas ao mesmo tempo a necessidade de aproveitar tudo que o lugar onde está hospedado oferece. Começa a temer pela sua família e pela família do cara, mas também não tenta se esconder, se já for um pouco mais velha, como eu.
O romance segue, mas a semana também. Começa a bater um desespero por saber que tudo vai acabar depois que ambos saírem do lugar onde estão. Cada um voltará para suas rotinas, não esquecendo, mas provavelmente deixando de relevar um ao outro.
Isso é um romance de verão. Você não tem obrigação de procurar o outro depois que acaba a estadia. Mesmo com a internet, nenhum dos dois tem a necessidade de puxar assunto com o outro, ou ainda marcar alguma coisa para que possam de ver. Até porque a maioria dos casais que são formados durante as férias moram extremamente distantes um do outro. Sendo assim, você se despede daquilo que foi tão bom, tão marcante e talvez tão intenso. Mesmo querendo mais, sabe que não terá porque é assim que tem que ser. Cada um voltando as suas vidas sem maiores remorsos, só com a certeza de que o verão foi bom e que, mesmo não dando para repetir a dose, por maior que seja a vontade, valeu a pena.

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