segunda-feira, 25 de março de 2013

Tentativa e erro

Sabe, acho que eu lhe devo desculpas. Não que eu ache que te tratei mal ou dei alguma esperança vazia. Mas eu te dava atenção, a gente se dava bem. Isso, querendo ou não, alimenta alguma coisa dentro de nós. Ainda mais em você, tão doce, novo e apaixonante. Você me tratou como uma rainha, não posso negar. Teria dado tudo certo se não fosse por uma única razão: ele. Se ele não existisse dentro de mim, eu e você poderíamos ter superado algumas de nossas diferenças e seguido bem. Eu estaria me encantando cada vez mais com o seu jeitinho de príncipe, com as suas mensagens de bom dia, com a sua consideração e respeito comigo. Cada dia você iria plantar a tua sementinha no meu coração e eu poderia até me apaixonar por você. Mas não tem como. Ele está aqui, dentro de mim. Eu o deixei em estado latente por um tempo, ignorei algumas investidas, fiz de tudo um pouco para me afastar e seguir a vida, sabe. Mas ele não deixa. Ele insiste em dizer que me quer e se fazer presente. E eu gosto, esse é o pior. Eu gosto de falar com ele, de fazer piadas e brincadeiras com segundas intenções; gosto de me fazer de difícil com joguinhos e respostas jogadas no ar. Quando eu imagino aquele sorriso o teu desaparece de minha mente em um piscar de olhos. A tua maneira de falar é linda, cantada e suave. Mas a dele me inebria e eu simplesmente não consigo resistir. Mais uma vez me desculpe se em algum momento você sentiu que eu estava me apaixonando, mas essa nunca foi a verdade e eu tenho certeza que nunca demonstrei assim. Segue a tua vida, pois você é maravilhoso e merece ser feliz. Eu vou ficar aqui decidindo se luto contra ou me entrego de uma vez.

domingo, 17 de março de 2013

O casamento

Já tive o sonho de casar e ter quatro filhos. Minha casa teria dois andares e cada um dos meus filhos teria um quarto pra si. Nada de dividir os cômodos porque as crianças crescem e começa a faltar privacidade. Obviamente que eu seria muito bem empregada e remunerada. E pretendia escolher um marido que fosse tão bem sucedido quanto eu. Nós provavelmente teríamos nos conhecido no ensino médio ou durante a faculdade. Teríamos namorado durante anos, e depois decidido casar, logicamente que isso seria fruto de um pedido de casamento recheado de romantismo, emoção e criatividade. E eu nem pensaria em recusar. O veria como o homem da minha vida e ele não teria olhos para nenhum outra mulher.
Esse meu planejamento de vida foi todo por água a baixo quando eu descobri que os homens não valem muita coisa. Um ou outro gato pingado pensam em passar o resto de suas vidas com a mesma mulher, constituir família e toda essa tradição. Poucos são os que não pensam em trair, ou abandonar suas esposas grávidas. Sim, parece cruel, mas é a realidade. E eu me sinto na obrigação de dizer tudo isso porque sou sempre julgada como a que sonha alto, que viaja na maionese, que acredita em tudo, romanticazinha, tola. Pois é, eu não acredito em casamento, está bom para vocês?
Todo mundo, quando eu digo que não tenho vontade de casar, me olha com uma cara de espanto e diz que eu vou mudar de opinião. Não nego, já mudei tanto de ideia nessa vida. Mas por agora, eu digo: não quero casar; tenho medo do matrimônio. Tenho medo de ter que acordar todo dia do lado da mesma pessoa e acabar não sentindo vontade de abraça-la. Tenho medo de não ter assunto nenhum com o meu marido – já que a gente se vê todo dia – e não conseguir achar o silêncio algo normal. Tenho pavor de perder a sensação que o reencontro me traz. Gosto de poder abraçar a pessoa que eu gosto depois de passar um tempo com saudade desta. Tem coisa melhor do que matar a saudade? Casamento não tem saudade, a não ser que alguém viaje por um tempo. Mais a probabilidade de isso acontecer sempre é remota.
Não me entendam mal, eu gosto de estar com quem eu estou apaixonada. Claro que gosto. Penso sim em passar minha vida com a pessoa, compartilhar meus medos e sonhos, minhas tristezas e alegrias. Penso em fazer parte da vida do cara, de sua rotina; conhecer seus hábitos e ele os meus. Coisas assim. Eu sou assim, gosto de contato e aconchego. Mas por que para ter tudo isso eu preciso casar?
Sim, tem uma hora que precisamos evoluir na relação e o matrimônio nos parece perfeito. “É o caminho natural”, como dizem. Mas eu não quero ser natural em tudo, sabe? Quero pode fazer diferente. Quero poder ligar pro meu namorado três horas da manhã e dizer pra ele vir correndo pra minha casa porque eu estou com saudade. Quero poder planejar uma viagem com ele e apreciar os dias que vamos misturar as nossas rotinas, não simplesmente repetir o que eu faria em casa se estivesse casada. Quero receber mensagens de bom dia e boa noite, e de vez quando dizer isso pessoalmente.
Sabe o que acontece depois que as pessoas casam? Elas entram numa rotina. Ainda mais depois de terem filhos. Quando os filhos nascem então, o casal esquece de si. Esquece como é bom receber um beijo caloroso, ou como é maravilhoso sair para jantar. Esses programas viram raridade depois que uma família é constituída. E aí, alguém simplesmente passa a procurar o que não tem em casa na rua. Não vou ser injusta e dizer que são só os homens que fazem isso porque não é verdade. Mas numa relação em que eu seja a esposa, só poderia partir dele. Não tenho nem coragem de mentir sobre os lugares que vou porque minha consciência fica pesada, que dirá trair.
Pois bem, eu sou assim. Posso mudar de ideia um dia? Claro. Vai ver qualquer dia eu encontro um cara que eu ame tanto e queira passar tanto tempo do lado dele, que a ideia de dormir separados comece a se tornar dolorosa. Não sei. Talvez eu confie tanto nele que me sinta segura para casar, dividir bens e tudo o mais. Talvez. Por agora eu só quero ser feliz com alguém bacana e que não queira simplesmente me usar. Está de bom tamanho.