sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Você volta?

Eu esperei por você por dias, meses. Fiquei sentada na soleira da porta esperando ver a sombra do teu corpo cruzar a esquina de casa. Esperei ver você chegando com a caixa que tirou daqui com todas as suas coisas, dizendo que era pesada demais, então não pretendia tirá-la nunca mais. Quis tanto que você voltasse pra mim, mesmo que você não estivesse sorrindo, mas que pelo menos estivesse vindo. Hoje está chovendo e mesmo que você possa pegar uma gripe, eu torço para te ver caminhando em direção ao nosso lar de novo. Eu cuidarei de ti como não cuidei anteriormente. Juro não dar uma de louca ciumenta de novo; te deixarei respirar. Mas você terá que fazer o mesmo, meu amor, pois se me transformei nesse monstro, foi através de você. Você me sufocou tanto com aquele teu jeito possessivo que eu mesma quase te pus para fora de casa. Quase. Não vivo sem você. Essa casa é um mausoléu sombrio quando você não está presente.

Nossa, que frio está fazendo hoje. Resolvi sentar na janela hoje para te esperar voltar. Você vem, não vem? Não estou aguentando mais sem você aqui, meu amor. Volta para mim de uma vez por todas. Já fizemos as promessas necessárias. Você mesmo disse que a culpa maior era sua. Por que então me causar todo esse martírio?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Boa o bastante

O que eu preciso fazer para você prestar atenção em mim? O que preciso fazer para que me leve a sério? Tudo o que eu já fiz na minha vida foi pensando em te deixar orgulhoso; em arrancar um sorriso de satisfação de você. Mas você não sorri para mim, você grita, me humilha e me mata por dentro. Como ousa me abandonar? Como ousa renegar quem você mesmo gerou?

Você costumava ser bom; ser meu herói. Lembro-me de todas as nossas brincadeiras, nossos abraços. Todo o afeto que me foi tirado. Sinto falta da minha infância, pois lá eu era boa o bastante para ser amada por ti. Hoje não passo de um fardo, um trapo velho que suga seu precioso dinheiro e ocupa espaço na sua casa. Sou a párea que você quer distante. Sou aquela que rouba tua alegria e te causa vergonha.

Não importa o quanto eu tente, nunca mais conseguirei alcançar seu coração. Fui esquecida; trocada. Tenho vontade de acabar comigo mesma quando vejo no que nos transformamos. Vontade de me dilacerar inteira somente para acabar com a dor. Você está acabando comigo, me matando a cada dia.

Não se preocupe. Um dia, talvez não muito distante, eu vou estar saindo por aquela porta para nunca mais voltar. Vou ter as minhas próprias coisas, meu próprio lar. Não vou precisar mais dos seus sacrifícios. Você viverá a vida que sempre sonhou ao lado de quem sempre quis. E sabe de uma coisa? Viverá só, pois num piscar de olhos ela cansa e some do seu mundo também. E eu não vou voltar, não adianta implorar. Não vou voltar porque eu lutei por anos pelo seu afeto e morri na praia. Sairei sem um pingo de amor, pois você secou tudo que estava aqui dentro. Para mim acabou.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Complexo de avestruz

Vou tentar escrever hoje porque a agonia no meu peito não tem nome. Surgiu no meio de um monte de sorrisos e carinhos trocados. De uma hora para outra meu coração murchou e chorou lágrimas de sangue. Começou a buscar algo que nem ele mesmo sabe nomear; e quando não sabemos dar nomes é porque está ruim mesmo. Aí eu tentei rir dos outros na rua porque não tem remédio melhor para os seus problemas do que focar no problema dos outros, mas não deu certo, já adianto. Fiquei com pena do povo e me entreguei à dor do próximo.

Não sei se a ficha caiu do que eu sou para alguns, sei lá. Lembro de ter contato a básica história da minha vida por telefone e, quando desliguei, bateu a tristeza. Agora ela está se arrastando comigo, amaldiçoando todo acontecimento minimamente desagradável. Está transformando tudo em tempestade. E eu, a rainha dos melodramas e casos mal resolvidos, vou absorvendo e desmontando como uma flor que perde pouco a pouco suas pétalas. A tristeza veio forte e somatizou tudo ao meu redor. A mente está pesada e a vontade é, acredite se quiser, ser um avestruz, por um dia que fosse, somente para ter o prazer de enterrar a cabeça na terra e ali permanecer.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O melhor do mundo

Poeta bom é aquele que sabe falar de amor. Seja no frio ou no calor, ele busca estar à par de cada glândula de sentimento que nos preenche. Poeta sábio é aquele que corre pro lápis cada vez que lhe surge uma ideia. Sagaz, sabe que ela some num piscar de olhos. Ideia tem prazo de validade. Poeta esperto conta seus lamentos no papel; desliza as lamúrias detalhadamente em cada linha borrada de lágrimas. Se liberta e sai pra vida, como se fosse alguém qualquer. Poeta de verdade nunca será igual a todo mundo, porque ele leva consigo o peso do planeta inteiro. Ele carrega das angústias do mendigo até as da vizinha distante que foi traída pelo marido. Faz isso pra ter sobre o que escrever quando lhe faltarem palavras sobre si mesmo. E faz tanto isso que vira hábito e o torna escravo dos problemas alheios. Porque poeta vive pro outro, pro amanhã, pro ontem. O presente é descrito por cada letra rabiscada, nada mais. Presente vivido não é pra ele. Ele sabe que na verdade seu “eu” não anda por aí aleatoriamente, porque este só existe quando está de frente para sua poesia; entregue, sedento. Poeta é confuso e perdido no mundo. Sofre de problemas existenciais o tempo todo. Quando descobre maneiras de resolver esses problemas, adia, pois sabe que a lamentação é a fartura de sua escrita. Mas no fundo ser poeta é ser o melhor do mundo, porque ele sabe tudo o que acontece, mesmo sem ter vivido realmente.

domingo, 16 de junho de 2013

19 + 30 = 49

O tempo vai passar, independente do que façamos para retardá-lo. Vamos fechar os olhos num dia e acordar 30 anos depois: casados, com filhos, emprego, contas à pagar. Teu sonho de uma vida todo pode estar completamente perdido, ou completamente ganho.

Pensei em adiantar o dia para chegar ao final mais rapidamente. Aí lembrei que se eu fizer isso, em algum momento da minha vida vou me arrepender de não ter aproveitado aquelas horinhas que me eram disponíveis. Minhas 24 horas atuais passam a passos de cágado, mas daqui a 30 anos eu vou é querer que grudem no chão e paralisem no tempo. 19 + 30 = 49. Com quarenta e nove anos eu vou estar na soleira da porta da casa dos 50. E me arrepio só de pensar. Ter cinquenta anos deve ser algo surreal. É dar de cara com meio século vivido, cinco décadas de tudo ou nada. Deve ser se olhar no espelho e enxergar trilhões de rugas. Ou então se entupir de produtos rejuvenescedores para tentar aliviar a velhice. Aí eu lembro que a minha mãe tem quase 42 anos. Quatro décadas inteiras vividas e continua maravilhosa. Por fora mostra sinais de velhice, com certeza. Quem não mostraria? Porém tem um corpo de dar inveja, energia de sobra. É uma pessoa viva. Penso também na minha sogra. Linda de morrer, meu Deus. Pele de pêssego, corpão. Outra que tem vida dentro de si. E ela está mais próxima do cinquenta do que a minha mãe.

Sendo assim, reflito, por que eu temo tanto? Aos 13 anos meu sonho era ter 16. Eu achava que seria a idade do sucesso. Aos 16 eu não me sentia nem um pouco glamorosa quanto achei que fosse me sentir. Hoje, com 19, as coisas melhoraram bastante. A maioridade chegou, junto com faculdade, trabalho, responsabilidades. Quando que eu pensei que estaria pagando contas! E me pego tendo saudade da época em que minha maior preocupação era ter tempo de montar minha casinha de Barbie perfeitamente e ainda conseguir brincar com ela. Mas não me arrependo. Não me arrependo de ter deixado o fluxo do rio seguir; de ter me deixado levar e evoluir porque isso me fez ser maior do que um dia eu já fui. E por mais que eu não seja aquilo que eu gostaria de ser, eu tento mudar. Tento ser alguém melhor todos os dias em que acordo, pois não tem nada mais degradante do que não estar satisfeito consigo mesmo. Desse mal eu não quero nunca me deixar ruir.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

E se…

E se você for e não mais voltar? Se descobrir que lá é o seu lugar? Dói a distância que vai existir de você. Dói mais ainda imaginar que você pode não percebê-la, apenas enxergar tua proximidade com o teu antigo mundo. Você pode acabar vendo que o antigo torna-se novo em um piscar de olhos. O atual vira passado desperdiçado em um pedaço de papel jogado ao chão. Você pode resolver fechar o blackout da janela e se esconder ali, fazendo a limpeza que tanto necessitará. Prateleiras serão esvaziadas para dar espaço para o seu “novo antigo eu”. Você se deita e percebe que é aquilo que sempre sonhou. Houve apenas um desvio de seu verdadeiro caminho. O cantar dos pássaros te chama para mais perto e você pega tuas coisas e volta para a tão querida terra desértica. Olha para trás apenas uma vez, uma despedida, um agradecimento pelos momentos de felicidade, pela originalidade que lhe foi proporcionada. Você sente por causar dor, derramamento de lágrimas e afins, porém isso passa. Você é blindado contra os males da despedida. E assim vai. Pega sua tão esperada estrada e volta para onde sabe que nunca deveria ter saído. Virou a página; jogou os restos fora; retomou o seu destino.

sábado, 1 de junho de 2013

After the hurricane, comes the rainbow

 

A gente acaba descobrindo que é fácil ser feliz. Jogamos as preocupações bestas pela janela, passando a focar no que realmente importa. Sorrir pelo sorriso do outro.

Fecha os olhos e sente o toque, se envolve, se aconchega. Isso basta, isso é felicidade. Isso é viver sem pressa, sem reclusa. É dar e receber. É ser e estar. É perceber e não julgar. É aceitar e perdoar.

A ferida sangrou, mas a gente soube curar porque faz parte da vida passar por chagas antes de entrar em estado de graça. Se passássemos a vida inteira sorrindo, não haveria maxilar que aguentasse. A mesmice faz desabar a maior das perfeições.

Nada como um furacão antes de um arco-íris.
E que furacão devastador.
Veio e pensei que fosse me tirar a vida.

Arrancou meu fôlego, drenou meu corpo, liquidou minhas esperanças, arruinou meu riso.
Mas que arco-íris divino. Veio com tanto sorriso, meiguice. Trouxe luz, paz, aconchego, fogo, beijo. Veio com paixão que gruda e não larga. Umas garras enormes que grudaram em mim e eu não consigo nem ter vontade de tirar. Faz com que eu olhe pra trás e não consiga mais enxergar toda a destruição do furacão. Meu arco-íris reconstruiu tudo, e de um jeito bem melhor.

Eu tentei fugir e não deu. É muita luz e tão magnética que eu sei que não dá pra resistir. Fiquei. Ficou. Ficamos nós nesse brilho; cegos, malucos, insanos.
Criamos a nossa cidade interna e particular. Criamos o nosso lar e iluminamos cada pedaço dele. Seja com fogo, seja com calmaria.

Sempre há mais sorrisos do que lágrimas.
Muito beijo e mordida. Quando beijo e mordida.
E tudo. E mais nada.
A gente não precisa mais de nada, só da gente mesmo.

 

“If you only knew

What the future holds

After a hurricane

Comes a rainbow

Maybe a reason why

All the doors were closed

So you could open one

That leads you to the perfect road”

sábado, 18 de maio de 2013

Você

Não tinha como não ser você. Mesmo depois de toda aquela novela inicial, era você. Era por tua causa que meu coração acelerava. Era do teu cheiro que eu sentia falta; era tua voz que eu ansiava por ouvir. Foi por causa dessa tua voz linda que eu tremi nas vezes que você me ligou. Mesmo que não estivéssemos mais juntos; mesmo que não fosse para dizer nada demais. Era no teu olhar que eu me perdia, por isso fazia questão de não manter tanto contato visual contigo. E de que toda distância adiantou? Só fez aumentar esse nosso gostar, essa nossa vontade de estar perto um do outro. Eu tentava te evitar ao máximo e você ficava se fazendo presente até eu não conseguir mais resistir. Eu cedi.

Admito que te amo, que não te quero longe. Admito que o meu corpo é o encaixe perfeito do teu. Grito para quem quiser ouvir que não quero mais ficar longe; sou completamente apaixonada por você. E não é só o teu sorriso, como eu vim escrevendo todo esse tempo. Eu amo o teu jeito de andar rebolando porque só você sabe fazer isso sem perder a masculinidade. Amo a tua risada, os teus gritos/sons de entusiasmo. Os teus bordões ecoam pela minha cabeça o dia todo, sendo enraizados como manias minhas. Amo aquela tua barba por fazer, mesmo que eu só a veja de vez em quando já que você precisa mantê-la feita. Adoro o jeito que a minha mão desliza pelos seus cabelos quando estamos juntos. A forma quando me beija, seja ela doce ou quente. Você sempre sabe como me beijar. Sou apaixonada por seu humor. Você é tão engraçado, me faz rir tanto. Nunca é entediante estar contigo, por diversas razões, aliás.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

De um dia frio

Difícil é ficar brigado com quem a gente ama. Fazer bico e cara de magoada quando na verdade o que eu quero é te abraçar bem forte e não te largar jamais. Pior que eu às vezes até forço o aborrecimento na minha face só pra te punir por algo que você tenha feito. Você é besta e gosta da minha cara de brava. Vive contando historinhas pra me deixar puta e ver o tal rostinho que você adora. Ai, que raiva. Fico mais irritada ainda por me fazer de trouxa, logo em seguida me entregando à você, porque, você sabe, é normal já eu revirar os olhos de contentamento quando você está por perto inalando o aroma do meu pescoço, sussurrando no meu ouvido, essas coisas. Impossível permanecer brava contigo, pois tudo se torna tão fútil e banal perto do tempo que temos para passar juntos. Pode parecer uma eternidade para quem olha de fora, mas pra mim é pouco. O final de semana se faz em 3 dias. Para nós, apenas 2, sábado e domingo. No sábado é o momento que mais temos tempo juntos, não te largando até pelo menos 3, 4 da manhã, isso quando você não fica pra dormir. Domingo você vai embora cedo, já me dá saudade quando esse primeiro/último dia da semana chega. Aí eu fico com saudade quando você vai embora no sábado, quando acordo no domingo, quando o domingo vai passando e quando ele acaba. Às vezes, por uma questão de sorte ou azar, a gente consegue se ver durante a semana. Uma vez minha Jade morreu, você veio ficar ao meu lado e ainda me levou para ficar mais tempo contigo dormindo na sua casa. Outro dia era meu aniversário, e passou mais horas do que podia comigo. Outra vez eu passei mal, sozinha em casa, e você veio cuidar de mim, mesmo que penas por 1 horinha e meia. Um espaço especial para esse momento, pois você estava desfilando pela minha casa de farda e claro que estava essencialmente gostoso e irresistível. Pena que eu estava tão moribunda que não fui capaz de te dar um beijo decente, pelo menos, para assim aproveitar a presença dessas suas vestimentas. Vestimentas essas que um dia eu irei arrancar, tenho dito. Você fica extremamente gostoso dentro delas. Fora eu nem preciso dizer né, falo isso o tempo todo. Enfim, nem dá para ficar irritada contigo por muito tempo, e se a irritação dura, meu coração se aperta e minha necessidade de te amar aumenta. A gente se encontrou depois de tanto rolo e não desgrudou mais. Fomos feitos um para o outro de diversas e variadas formas. Você me ensinou mil coisas em relação à outras mil coisas, e eu fico tentando colocar algum juízo em você naquilo que acho que não tem. Eu corrijo teu português o tempo todo e você fica irritado com isso, mas diz que não liga. Você fica zoando meu sotaque carioca, repetindo minhas palavras, principalmente “bosta, biscoito, churrasco, cruz credo”. A tua última gracinha foi: “Eu quero um biXcoito de churraXco com cruX credo.” Perdi o ar rindo disso. Eu perco o ar rindo das suas dancinhas, das suas piadas… Perco o ar de pura fascinação com a sua carinha de coitado. Já disse que me corta o coração, oras. Perdi o ar também quando disse: “É bom saber que a gente pertence a alguém.” quando dei crise de ciúmes por causa da sua suposta inspeção médica com a Sargento Mariane. Eu concordo contigo, é muito bom saber que a gente pertence a alguém. E de forma positiva e esplendorosa. E também com muito amor envolvido, claro.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Tentativa e erro

Sabe, acho que eu lhe devo desculpas. Não que eu ache que te tratei mal ou dei alguma esperança vazia. Mas eu te dava atenção, a gente se dava bem. Isso, querendo ou não, alimenta alguma coisa dentro de nós. Ainda mais em você, tão doce, novo e apaixonante. Você me tratou como uma rainha, não posso negar. Teria dado tudo certo se não fosse por uma única razão: ele. Se ele não existisse dentro de mim, eu e você poderíamos ter superado algumas de nossas diferenças e seguido bem. Eu estaria me encantando cada vez mais com o seu jeitinho de príncipe, com as suas mensagens de bom dia, com a sua consideração e respeito comigo. Cada dia você iria plantar a tua sementinha no meu coração e eu poderia até me apaixonar por você. Mas não tem como. Ele está aqui, dentro de mim. Eu o deixei em estado latente por um tempo, ignorei algumas investidas, fiz de tudo um pouco para me afastar e seguir a vida, sabe. Mas ele não deixa. Ele insiste em dizer que me quer e se fazer presente. E eu gosto, esse é o pior. Eu gosto de falar com ele, de fazer piadas e brincadeiras com segundas intenções; gosto de me fazer de difícil com joguinhos e respostas jogadas no ar. Quando eu imagino aquele sorriso o teu desaparece de minha mente em um piscar de olhos. A tua maneira de falar é linda, cantada e suave. Mas a dele me inebria e eu simplesmente não consigo resistir. Mais uma vez me desculpe se em algum momento você sentiu que eu estava me apaixonando, mas essa nunca foi a verdade e eu tenho certeza que nunca demonstrei assim. Segue a tua vida, pois você é maravilhoso e merece ser feliz. Eu vou ficar aqui decidindo se luto contra ou me entrego de uma vez.

domingo, 17 de março de 2013

O casamento

Já tive o sonho de casar e ter quatro filhos. Minha casa teria dois andares e cada um dos meus filhos teria um quarto pra si. Nada de dividir os cômodos porque as crianças crescem e começa a faltar privacidade. Obviamente que eu seria muito bem empregada e remunerada. E pretendia escolher um marido que fosse tão bem sucedido quanto eu. Nós provavelmente teríamos nos conhecido no ensino médio ou durante a faculdade. Teríamos namorado durante anos, e depois decidido casar, logicamente que isso seria fruto de um pedido de casamento recheado de romantismo, emoção e criatividade. E eu nem pensaria em recusar. O veria como o homem da minha vida e ele não teria olhos para nenhum outra mulher.
Esse meu planejamento de vida foi todo por água a baixo quando eu descobri que os homens não valem muita coisa. Um ou outro gato pingado pensam em passar o resto de suas vidas com a mesma mulher, constituir família e toda essa tradição. Poucos são os que não pensam em trair, ou abandonar suas esposas grávidas. Sim, parece cruel, mas é a realidade. E eu me sinto na obrigação de dizer tudo isso porque sou sempre julgada como a que sonha alto, que viaja na maionese, que acredita em tudo, romanticazinha, tola. Pois é, eu não acredito em casamento, está bom para vocês?
Todo mundo, quando eu digo que não tenho vontade de casar, me olha com uma cara de espanto e diz que eu vou mudar de opinião. Não nego, já mudei tanto de ideia nessa vida. Mas por agora, eu digo: não quero casar; tenho medo do matrimônio. Tenho medo de ter que acordar todo dia do lado da mesma pessoa e acabar não sentindo vontade de abraça-la. Tenho medo de não ter assunto nenhum com o meu marido – já que a gente se vê todo dia – e não conseguir achar o silêncio algo normal. Tenho pavor de perder a sensação que o reencontro me traz. Gosto de poder abraçar a pessoa que eu gosto depois de passar um tempo com saudade desta. Tem coisa melhor do que matar a saudade? Casamento não tem saudade, a não ser que alguém viaje por um tempo. Mais a probabilidade de isso acontecer sempre é remota.
Não me entendam mal, eu gosto de estar com quem eu estou apaixonada. Claro que gosto. Penso sim em passar minha vida com a pessoa, compartilhar meus medos e sonhos, minhas tristezas e alegrias. Penso em fazer parte da vida do cara, de sua rotina; conhecer seus hábitos e ele os meus. Coisas assim. Eu sou assim, gosto de contato e aconchego. Mas por que para ter tudo isso eu preciso casar?
Sim, tem uma hora que precisamos evoluir na relação e o matrimônio nos parece perfeito. “É o caminho natural”, como dizem. Mas eu não quero ser natural em tudo, sabe? Quero pode fazer diferente. Quero poder ligar pro meu namorado três horas da manhã e dizer pra ele vir correndo pra minha casa porque eu estou com saudade. Quero poder planejar uma viagem com ele e apreciar os dias que vamos misturar as nossas rotinas, não simplesmente repetir o que eu faria em casa se estivesse casada. Quero receber mensagens de bom dia e boa noite, e de vez quando dizer isso pessoalmente.
Sabe o que acontece depois que as pessoas casam? Elas entram numa rotina. Ainda mais depois de terem filhos. Quando os filhos nascem então, o casal esquece de si. Esquece como é bom receber um beijo caloroso, ou como é maravilhoso sair para jantar. Esses programas viram raridade depois que uma família é constituída. E aí, alguém simplesmente passa a procurar o que não tem em casa na rua. Não vou ser injusta e dizer que são só os homens que fazem isso porque não é verdade. Mas numa relação em que eu seja a esposa, só poderia partir dele. Não tenho nem coragem de mentir sobre os lugares que vou porque minha consciência fica pesada, que dirá trair.
Pois bem, eu sou assim. Posso mudar de ideia um dia? Claro. Vai ver qualquer dia eu encontro um cara que eu ame tanto e queira passar tanto tempo do lado dele, que a ideia de dormir separados comece a se tornar dolorosa. Não sei. Talvez eu confie tanto nele que me sinta segura para casar, dividir bens e tudo o mais. Talvez. Por agora eu só quero ser feliz com alguém bacana e que não queira simplesmente me usar. Está de bom tamanho.





quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Jade,

 
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Você foi embora de mim essa semana e já deixou saudades. Voltei pra casa com uma tristeza no coração; um medo de ver o vazio da casa sem você aqui. Entrei esperando desviar de ti na varanda e todas aquelas coisas costumeiras, mas não. Não tinha nada disso. A varanda está vazia; no quintal você também não está; no terraço nem se fala. Lá você deixou de ir faz tempo. Desde que seu estado piorou você passou a ficar prostrada na porta da sala, levantando-se só para fazer suas necessidades. Isso me doía tanto, Jade. Me doía porque eu lembrava dos teus tempos de glória em Búzios, em que corria aquele quintal enorme, dava voltas e mais voltas na casa com toda aquela tua saúde jovial. Lembro que todos os dias de manhã você pulava o murinho que dava acesso a varanda e parava na porta da cozinha pra pedir miolo de pão. Eu, pequenina, junto com meu irmão e minha prima, além dos avós, tios e meu pai. Era um café da manhã regado de companhia e felicidade. Vô Walter ainda estava conosco e não podíamos pedir mais felicidade. Mas ele se foi. Um maldito câncer o levou, carregando também toda essa vida. Ninguém mais podia ir com frequência para Búzios e tomou-se, assim, a decisão de vender a casa. Você, uma rottweiler, não poderia ficar em qualquer lugar e tinha que ser conosco. Devíamos isso ao vô. Então você veio morar comigo. O terraço passou a ser seu novo lar. Você ficou sem a tua grama verdinha para correr e passou a ter que viver satisfeito com o chão de piso. No teu primeiro Natal aqui, em 2007 aconteceu a tragédia. A gente não sabia que você tinha medo de fogos já que isso nunca fora problema em Búzios. Quando estes começaram a explodir no céu, você simplesmente se jogou do terraço. Foi naquele dia que eu descobri minha falta de vocação para a veterinária. Você acabou consigo mesma, com o teu físico inteiro naquela queda. Desenvolveu uma série de problemas em decorrência do acidente e nunca mais foi a mesma. Nunca mais vou me esquecer de você se arrastando para dentro de casa, ensanguentada, enquanto as pessoas corriam para dentro de suas casas na vila. Elas fugindo de você enquanto você só procurava colo para sanar tua dor. Os anos passaram e você foi vivendo assim, mesmo sem toda aquela tua desenvoltura, você era feliz. Toda manhosa, vinha pra cima da gente pedir carinho; enfiando a cabeça entre as nossas pernas; arrastando o corpo em nós, enchendo todo mundo de pelos. Todos e tudo. Sabia que a casa ainda está cheia de você pelos cantos? Reclamamos por anos dos pelos que você soltava pela casa inteira e agora eu sei que vou sentir falta deles quando eu não os vir mais. Já estou sentindo falta de tudo, Jade. Você dava um trabalho enorme. Prendia a gente em casa, acabava com os meus horários, sujava tudo, entrava em casa quando esquecíamos a porta da sala aberta, fazia xixi aonde não devia, mas isso tudo vai gritar de saudade agora. Porque você não vai mais latir para os vizinhos que passarem na frente de casa, não vai arrastar a unha no chão fazendo aquele barulho de lixa. Não vou mais ver aquela tua cara de coitada quando pedia carinho. Não vou mais precisar entrar pela porta do quintal com as visitas porque você não vai estar lá pra latir pra elas. Algumas coisas eram um estorvo, mas era você marcando presença. E dói. Dói lá no fundo. Porque eu lembro dos filhotes que tu teve na casa de Búzios e que eu, novinha, me tranquei no seu canil contigo para ficar colocando os bichinhos para mamarem em você. Dói porque eu lembro que você esfregava as costas na grama e balançava as patinhas no ar como se estivesse brigando com um ser invisível. Dói mais ainda porque tudo isso não condiz com a imagem que eu vi tua na terça-feira. Você, com os olhos esbugalhados, a língua pra fora e sem respirar, morta, na varanda. Eu sozinha em casa e sem saber o que fazer. Eu gritei para ninguém ouvir porque você estava mais lá pra escutar. Eu chorei sozinha e me desesperei tentando mexer em você pra ver se voltava a vida. Eu já sabia que você iria partir, já estava muito mal, tua doença não tinha cura e tua injeção letal já estava marcada. A gente ia acabar com a tua dor, Jadinha. Mas você escolheu ir antes e deixar todo mundo sem chão. Papai ficou com você na madrugada anterior, né? Ele se despediu ali, pretinha. Ele te amava muito. Vô Walter com certeza estava te esperando pra te levar com ele pro céu. Mas certeza que vocês deram uma passada em Búzios para matar a saudade. E olha, não vou ficar com essa imagem de você não. O que eu vou lembrar vai ser da primeira vez em que eu te vi. Você aqui no Rio, uma bolinha preta e linda. Lembro como se fosse hoje. Eu e meu irmão estávamos de castigo então meu pai não deixou que encostássemos “na nova cachorrinha que ia pra Búzios”. Abri a porta de casa, antes a casa dos meus avós, e te vi atrás do portão, enfiando teu focinho minúsculo entre as grades. Aquele chorinho de filhote me conquistou na hora. Eu sabia que te amaria eternamente. E assim que vai ser, Jade. Você NUNCA vai ser esquecida por nós. Será a nossa preta safada e amada. Será sempre a nossa Jadinha querida. Te amo muito e sinto todos os dias a sua falta.
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Enquanto o sol não vem

— Como tem passado as noites? — Ele sentou do meu lado na areia.
— Não muito bem, você sabe.
— É, eu sei. Ainda sentindo frio, não é?
— Pois é. Não consigo me acostumar com o vazio da cama.
— Estou na mesma.
— Sabe o que eu faço quando fica insuportável? — Ele levantou os olhos, curioso. — Abraço o Stevens.
— Pensei que você tivesse se desfeito dele. — Ele ri porque sabe que eu jamais teria feito isso.
— Não. Ele é meu companheiro agora. Nunca me apeguei tanto à um urso de pelúcia quando aquele. — Levanto os olhos para fixa-lo nos dele — Acho que é coisa sua mesmo.
— Coisa minha? — Pergunta, falsamente inocente.
— Seu cheiro nele, sua lembrança. Essas coisas. Compensação. — Volto a olhar para a areia.
— Você sabe que não precisa disso. — Ele se aproxima, tirando as mexas de cabelo que escondem meu rosto. Eu mantenho o rosto abaixado.
— Realmente. O que eu preciso é você. — Levanto a cabeça e olho em seus olhos. — Mas eu não te tenho mais. O que quer que eu faça?
— Siga… — Ele engasga com as palavras. — Siga em frente, talvez. — Sai em um suspiro.
— Eu deveria mesmo. — Digo, magoada. — Um dia eu consigo. Você deveria fazer o mesmo. Deve ser fácil, já que está me sugerindo isso.
— Para de fazer pirraça. Sabe muito bem que não é assim. — Um suspiro pesado. Cansaço. — Eu queria muito, mas muito mesmo te superar. Passar por cima do que eu ainda sinto por você e seguir em frente, sabe. Conhecer alguém bacana. Tem tanta gente bacana por aí... — Ele se perde nas palavras, como se estivesse falando consigo mesmo. — Mas toda vez que eu penso em virar a página, você me vem à cabeça. Essa tua risada escandalosa, o teu jeito de me chamar de amor, tua piadas sem graça. Esses detalhes, sabe. E aí eu não consigo. Eu fico preso à você; perco a vontade de mudar o disco.
Um minuto de silêncio se estende entre nós. Eu fico fazendo bolinhos de areia com a mão e deixando que seus grãos escorram por entre os meus dedos, aproveitando para assimilar tudo o que ele acabara de dizer.
— Você ainda me ama? — Pergunto, categórica.
— Ainda tem dúvidas disso? — Ele debocha gentilmente.
— Responde. Foi por causa das suas meias-respostas que nós acabamos assim.
— É óbvio que eu amo você. Não tem como deixar de te amar. — Ele me puxa para mais perto, fazendo com que eu sinta sua respiração. — Você foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos 2 anos. Eu não sei o que eu teria feito se você não tivesse entrado na minha vida. — Ele engoliu em seco. — E você? Ainda me ama? Ainda me quer de volta?
— Eu te amo com todo o meu coração. — Disse devagar. — Mas não sei se te quero de volta. — Minha voz se perdeu no final da frase.
— Entendo… — Ele parecia magoado agora. Mas não afrouxou suas mãos em minhas costas. — E o que sugere que façamos?
— Só por agora, vamos ficar aqui abraçados. Aproveitar a noite, o barulho do mar. O depois a gente deixa pra depois.
Passamos a noite abraçados um no outro, provavelmente temendo o amanhecer, pois nenhum de nós sabia como iria ser. Porém, só por hoje, nós éramos apenas a gente de novo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De praxe

Como todos os outros que já passaram na minha vida, ele voltou. Primeiro teve aquela aproximação apreensiva, pois não sabia como eu iria reagir a sua volta. E eu não reagi bem, obviamente. Estava cheia de raiva e só queria ser o mais rude possível para que de alguma forma eu pudesse atingi-lo. Então ficamos naquela troca de não-gentilezas bem agradável até que cada um seguisse pelo seu caminho. Porém, como sempre, eles voltam. E voltam cheios de si, achando que um simples pedido de desculpas vai nos fazer cair aos seus pés. Sim, meu coração quase pulou no peito quando vi que ele estava me ligando. Sim, eu tive que sentar para conseguir atender, pois meu corpo inteiro tremia. Sim, eu tive que fazer o maior esforço do mundo para manter a estabilidade na voz enquanto falava com ele. Entretanto, nada disso significa que eu o perdoo pelo que houve. Muito menos que o quero de volta.
Esse resolveu voltar aos pedaços. Permaneceu ciscando ao meu redor, como se quisesse sempre se certificar que eu iria permanecer ali, esperando pelo dia em que ele decidiria voltar de vez. Só tenho uma coisa à dizer: coitado. De verdade. Foi-se a época que eu implorava para o tempo trazer quem eu queria de volta, pois eu iria aceitar um pedido de desculpas se esse o fizesse ficar. Eu não sou assim mais. Quem me magoa uma vez nunca mais me tem por inteiro. Sempre vai ter aquela lembrança do acontecido, e em cada palavra dita terá um ressentimento cuspido. Eu posso ter uma memória péssima, mas uma mágoa é bem diferente. Ninguém esquece uma apunhalada nas costas, um tapa na cara ou uma olhar atravessado. É como no clássico do cristal, ou do espelho, que seja. Uma vez quebrado, nunca mais será o mesmo.
Ele pode vir sempre com esses papinhos de “Tudo bem?”, “Como você está?”, “Me ajuda em uma coisa?”. Enquanto a minha paciência se mantiver, estarei disposta a cooperar. Responderei com todo o meu bom humor natural. Porém, não ache ele que essa minha simpatia recíproca tem algo a ver sobre eu o querer de volta, pois não o quero. “Gostar” e “querer” não andam sempre juntos. Meu coração pode disparar todas as vezes que eu falar com ele, minha mente pode buscar milhões de alternativas para um final feliz nosso. Tudo isso e mais pode acontecer, porém minha guarda permanecerá levantada e eu continuarei querendo distância. Eu não vou esquecer o que aconteceu, não vou esquecer o que ele me disse, o que eu vi, nem o que li. Todas essas lembranças vão permanecer aqui. Se algum dia minha guarda ousar baixar, as lembranças vão gritar em minha cabeça como um sinal de alerta para eu me afastar dele. E eu vou fazer de tudo para ouvi-las.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Gostar sim; permanecer jamais

Ele não presta. Está sempre sorrindo para todas as mulheres que passam por ele, mas é dele que eu gosto. Ele me trata como uma rainha, mas seu castelo vive lotado delas, então isso não faz de mim alguém especial, só mais uma que ele idolatra. E mesmo assim eu gosto dele. A gente tem momentos maravilhosos juntos. Ele vive dizendo que comigo tudo é diferente, que eu sou a única capaz de fazê-lo perder o fôlego, mas eu sei que é mentira. Ele diz isso para todas, mas eu sempre finjo pra mim mesma que eu sou especial, porque eu gosto dele. Eu abro mão dos meus quereres só para fazê-lo mais feliz. Adio meus compromissos para estar com ele, mesmo que ele me dispense diversas vezes dizendo que tem uma reunião de última hora, sendo que eu sei que ele está com as outras. Mas eu aturo porque eu gosto dele. Meus amigos dizem que eu sou uma idiota por aceitar esse tipo de relação. O que elas não sabem é que viver sem ele é bem pior do que tê-lo pela metade. Ele é assim, do mundo, sabe? Sempre foi bicho solto, que gosta de voar livre por aí. De vez em quando ele pousa, porém não permanece por muito tempo. Eu o conheci assim, sempre soube. Ele nunca disse coisas como “eu sou seu” e derivados. Sempre deixou bem claro que estava ali naquele momento, mesmo que insistisse que aquele era especial, mas que no dia seguinte ele já não sabia onde iria estar. E acho que a graça é essa, sabe? O medo que eu tenho de não o ter no dia seguinte ativa a atração louca que eu tenho por ele, fazendo com que eu me apegue mais. Quando eu o vejo sair pela porta do meu apartamento meu coração se aperta no peito. Mas quando eu o vejo entrar explodo em êxtase. É uma loucura, eu sei. Porém, se ele um dia dissesse que decidiu ficar, eu o mandaria embora. Não conseguiria viver sem sentir a falta dele. Tê-lo só para mim faria com que eu enjoasse de tanta segurança e presença. Prefiro assim. Ele aqui comigo hoje, e amanhã lá, com o mundo todo em seus braços. Afinal, eu gosto dele.
“No matter what you need from me / You know you’ve got it
If I can give you anything / You know you’ve got it
You can call me any moment / If you need some love
I’ll be there”



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Males que vêm para o bem


Talvez tenha sido melhor assim, no fim das contas. Às vezes sinto falta da tua amizade e tudo mais, porém você consegue imaginar como seria quando estivéssemos com alguém? Só o fato de a gente ter tido algo seria suficiente para causar uma crise em nossos relacionamentos. Não adiantariam explicações de que nós somos passado, porque ia sempre parar aquela dúvida. Se continuássemos sendo amigos, estaríamos destinados a ficar sozinhos ou um com o outro. No final, amizade acabaria de qualquer jeito, pois, como teríamos que diminuir nossa intimidade, isso geraria brigas entre nós. E com tanta briga a gente acabaria por se afastar de vez. Mas então eu penso que, se isso tivesse acontecido, pelo menos um saberia da importância do outro. Não teria sido aquele festival de descaso, feridas e lágrimas. Você não teria se afastado, muito menos diria que eu estava sendo dramática. Eu não teria excluído as suas mensagens e ainda poderíamos acompanhar a vida do outro. Pena que eu esperei maturidade demais de um menino; Pena que eu acreditei nas tuas promessas de amizade eterna e blábláblá. Contigo eu aprendi que tudo um dia acaba. Mas é aquilo, Deus sabe o que faz. Foi o nosso fim, mas tiveram muitos começos maravilhosos que me fizeram te superar por completo. Hoje, pra mim, você não passa de uma página virada de um livro bem velho que eu já deixei de lado.

sábado, 5 de janeiro de 2013


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A gente se trai porque sentimos falta do que mais ansiamos em descartar. Presenciamos essa nova realidade de verdades e ceticismo e percebemos que a magia deveria estar de volta. Talvez seja o famoso vício em sofrer que a Tati Bernardi tanto falou. Nos apegamos àquilo que nos faz mal; nos corroemos por dentro enquanto não o temos de volta. A gente chora e se descabela quando ele vai embora, implorando aos céus pelo seu retorno. Ele retorna e a gente só quer distância, pois sabemos que é suicídio começar tudo de novo. Então voltamos a implorar, só que agora para esquecermos a sua existência. Depois de tanto clamar, passa. Você se vê em paz, finalmente. E não fica bem, não é mesmo? Porque viver na paz traz uma sensação de estagnação na vida. Como se estivéssemos deixando de viver o que se há de melhor para viver. Então tornamos a sentir falta da dor, da lágrima, só pela necessidade de sentir algo. Que lástima é optar pelo sofrimento só porque não nos é dada a benção do amor correspondido.