segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

À espera

A verdade é que eu fiz tudo o que eu poderia fazer, tudo que estava ao meu alcance. Eu corri atrás da forma que deveria ser feita, em prol de toda a história que nos envolve. Eu expliquei de todas as maneiras que eu encontrei. Gastei toda e qualquer lábia que eu poderia ter, mas parece que nada foi suficiente para você. Você continuou irredutível, pragmática, incapaz de qualquer aceitação. Eu entreguei meu coração nas tuas mãos, e você o esmigalhou e jogou pela janela.
Através dessa sua escolha eu pude perceber a realidade: você não quer mais manter uma amizade comigo. Só não sei bem os motivos. Inveja você nunca teve porquê ter de mim, sempre foi bem satisfeita consigo mesma, por isso descarto essa opção. Ciúmes? Há um limite para todo ciúme, não é mesmo? Você ter ciúme ao ponto de pedir para que eu me afaste é o cúmulo da falta de amor e consideração comigo. Imagina se fosse ao contrário. Se eu tivesse feito o que você fez comigo. Tenho certeza: você não me perdoaria. Faria um escândalo, jogaria mil coisas na minha cara. Já eu não, fico sendo solidária com a sua situação, me arrastando atrás de você, explicando, implorando, organizando meu tempo para que você possa continuar a fazer parte da minha rotinha junto com todo mundo. Mas você continua a dificultar tudo. Um dia é mau-humor, outro falta de vontade, outra está chovendo e você não pode ficar doente. Cada dia você inventava uma desculpa para se ausentar. A verdade é que você estava saindo pouco a pouco da minha vida por não aceitar que eu divida o meu tempo com mais alguém. E isso é injusto.
Me ver feliz não basta para você? Eu estou tão feliz, tão tranquila e realizada. Reclamei por tantos anos no seu ouvido, passei por mil situações horríveis, decepcionantes. Quando eu finalmente encontro uma felicidade você me joga um banho de água congelante. Acredite se quiser, mais cada vez que eu sorrio por causa disso, me sinto culpada por sua causa. Você me coloca uma pressão que não me faz estar bem comigo. Eu estava tão feliz e você veio arrancar meu tapete por não saber lidar com a minha felicidade.
Sempre lidei com o teu jeito difícil, teu comportamento meio explosivo, sua personalidade forte. Nunca fiquei te criticando por você ser do jeito que é. O que me incomodava e que eu via que você podia mudar, eu falava, mas nada que fosse descaracterizar o teu eu. Você, não. Você critica o que eu sou; o jeito que eu vejo as pessoas, que eu falo delas; você joga na minha cara a maneira como eu lido com tudo e, isso, para mim, não é aceitar alguém. Se me ama, deveria me aceitar do jeito que eu me apresento. Não posso mudar e ser quem você quer que eu seja. Se for para ser assim, que continuemos como está, cada uma no seu canto.
Eu amo tanto você e me faz tão mal essa distância que está entre nós. Já derramei lágrimas de tristeza, de desespero, de redenção. Não posso fazer mais nada a não ser esperar que você caia em si e veja que está errada. Que precisa se adaptar as mudanças como eu também fiz. Você e eu somos diferentes. Logicamente que o modo como lidamos com tudo irá ser diferente. Meu coração se aperta no peito com cada lembrança, cada memória que me vem a mente nos momentos mais inesperados. Mas é isso. Estou aqui esperando que você finalmente venha dizer que me quer de volta na sua vida, que exagerou e que tudo isso não passou de um borrão de hormônios enlouquecidos.



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Se me faço ser, eu sou

Liguei o computador com o intuito de escrever, porém perdi o fio da meada ao ler os textos de outros escritores. Que pretensão a minha dizer que sou uma escritora! Dá onde eu tirei isso? Quer dizer então que por eu escrever uns textinhos meia-boca e postar num blog com uma média de 30 views faz de mim uma escritora? Acho que não. Mas eu me apego à esse termo, não tem como. Eu não sou absolutamente nada, se for parar para pensar. Psicóloga, só se for estudante, e isso eu sou desde que entrei para a escola. Só mudou o nível, nada mais. Continuo estudando e não tendo status. Trabalho eu não tenho. Nem vendedora ou secretária eu posso me denominar, porque não faço nada disso. Só me resta ser escritora. Mesmo que seja só para mim, ou só para uma meia dúzia de admiradores da minha escrita, não sei. Não estou nem aí. Sou escritora. Eu leio e deliro. Eu vivo e escrevo. Eu acordo e poeto em minha cabeça, só pelo prazer de organizar as palavras e fazê-las soar tocantes. Eu ouço e assimilo, anoto, fotografo com os olhos. Eu espalho e dou a devida autoria. Sou uma eterna admiradora. Às vezes vou dormir e quando deito escrevo um livro na cabeça. Pena que o cansaço é tanto. Eu perco aquela obra inteira por entre os meus sonhos apenas com um fechar de olhos. Nunca será publicado. Mas mesmo assim eu sou escritora. Sou porque eu escrevo por amor; necessidade; reconhecimento. Eu me encontro e revelo através das palavras corridas em um pedaço de papel. Sou todas as letras do alfabeto. Sou a palavra mal colocada, sem contexto. Sou o erro de digitação e também a palavra difícil que eu aprendi na semana passada e resolvi usar só para florear o texto. Sou coração aberto e que sangra, mas escreve. Sou sorriso estampado no ato de amar e querer ser amada. E pedir e chorar por isso. Sou papel amassado que foi jogado no lixo por não possuir mais continuação de ideia neste. Sou musa inspiradora, tentação. Pedaço de mau caminho dos pervertidos de plantão. Posso ser também um nada esquecido no meio de uma página de um livro velho e empoeirado. Ou posso ser escritora. Que tola.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O que você acha de vir aqui destruir esse meu autocontrole? Vem se aproximando daquele teu jeitinho e com aquele teu sorrisinho de malandro; pega no meu rosto daquele teu jeito firme, mas singelo, e me aproxima do teu. Encosta essa tua boca carnuda na minha e me beija daquele jeito bom que só você sabe. Pega no meu cabelo devagar e desliza os seus dedos entre os fios até chegar às minhas costas; depois me puxa mais para perto de você para que eu possa sentir aquele teu cheiro delicioso exalar para dentro de minhas narinas. Quero acompanhar a dança que a tua língua sabe fazer muito bem; quero sugar os teus lábios irresistíveis e mordiscar o seu pescoço para te sentir tremer. Vem aqui beijar e sussurrar no meu ouvido que eu continue falando, mesmo sabendo que eu perdi o fio da meada no momento que você se aproximou demais. Vou sentar ao teu lado só para sentir a minha cadeira sendo puxada para mais perto da sua e sentir a tua mão de leve em minha coxa. Quero sentir a tua respiração se misturando com a minha em meio aos nossos intermináveis beijos. Quero que você me puxe para perto de você todas às vezes que eu estiver muito distante. Também quero que esse nosso romance dure o máximo que puder, pois ficar sem as tuas ligações de boa noite, sem o teu sotaque gostoso e sem esse teu sorriso que eu adoro não vai ser fácil, não.

sábado, 10 de novembro de 2012

Algumas semanas de um ano inteiro

Eu te deixei no terminal para que você pudesse pegar o ônibus e voltar para a sua casa. Agarrei tuas mãos e as beijei porque não suportava pensar o quão distantes estaríamos um do outro a partir de agora. Aproximei meu rosto do teu e nossa respiração se misturou. Você me envolveu com teus braços, sussurrando no meu ouvido que você era meu. Tremi, e me agarrei mais a você, colando minha boca na tua. Nos beijamos ternamente. Pude sentir o gosto amargo que minha boca passou a ter quando você descolou seus lábios dos meus. Havia lágrimas em meus olhos porque eu sabia que tudo estava começando a mudar e você não acreditava que isso pudesse acontecer. Você subiu naquele ônibus e ficou me olhando da janela. Embaçou o vidro com o hálito e desenhou um coração com a ponta dos dedos. O meu se apertou dentro do peito. Por que você estava partindo? Eu levei a palma da mão ao lado esquerdo do peito para retribuir o gesto. O motorista ligou o motor e eu pude sentir: era o fim. Nada do que você havia me dito servira de consolo para essa minha sensação de despedida. Nenhuma das tuas promessas de que nos veríamos novamente conformava a perda. Eu sabia que a nossa comunicação iria se esvair com o decorrer do tempo, então acabaríamos por perder a intimidade e nos envolveríamos com outro alguém. Sabia que essa euforia por termos passado 3 semanas juntos não iria sobreviver por 1 ano, até que você pudesse me ver novamente. Eu te disse que se eu pudesse, iria contigo, porém, não posso. Eu pertenço a esse lugar. Você não. Você veio para cá passar uma temporada e agora está voltando para o seu lar. Estarmos apaixonados não seria de forma algum um bom motivo para que nossas famílias permitissem que nós nos víssemos. Esperar que você complete 21 anos para que possa finalmente ser livre? Eu poderia esperar, mas eu sei que a gente não duraria esse tempo todo sem um contato real. Então, com o coração partido, eu me despeço de você com um último aceno, te entregando um pouquinho de mim para que você leve e se lembre que um dia fomos um só.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quando a vida te traz um amigo…

Eu me lembro do dia em que dissemos “eu te amo” um para o outro pela primeira vez. Você falou que tinha uma coisa para me dizer, mas desistiu no meio do caminho e já mudou o rumo da conversa. Não insisti. Até que do nada você disse algo como “por isso que eu te amo.” Eu parei, li novamente e perguntei toda alegre: “você me ama?” Então você me revelou que era isso que queria dizer mais cedo. Eu já sabia que te amava, só que eu jamais teria dito isso primeiro. E como eu não iria amar a pessoa maravilhosa que você é? O amigo dedicado que você consegue ser?
A gente se conhece há uns dois anos, sempre nos falamos e tudo o mais, mas para mim você não passava de um garoto engraçado com uma voz de locutor de rádio. Você vivia implicando comigo. Isso era de lei. Até que, uma conversa aqui, outra ali, começamos a ficar extremamente próximos. Eu havia perdido o meu melhor amigo recentemente e você, do seu jeito único e particular, conseguiu não só cobrir a falta que aquele amigo me fazia, como também fez um espaço só seu na minha vida. Você não veio para se tornar um estepe, mas a peça principal.
Pegamos uma intimidade absurda, maior até do que a que eu tinha com aquele amigo. Desculpa se às vezes eu acabar te comparando com ele, mas eu nunca acreditei que eu pudesse ter uma amizade assim de novo. Ou ainda, uma amizade melhor. Você me passa segurança, sensação de lar. Não tem silêncio que nos abale porque a gente está bem em estar junto e eu sempre gostei disso. Gosto de me sentir a vontade com as pessoas para querer estar perto. E contigo não tem essa de vergonha. A gente conversa sobre tudo, e quando eu ficava sem graça de falar você me mandava parar de criancice e falar abertamente. Eu aprendi. Contigo só rasgando o verbo, não é?
Você tem uma personalidade forte e às vezes eu nem sei como conseguimos ser tão amigos assim. Batemos tanto de frente, brigamos tanto, mas a gente está sempre fazendo as pazes porque é simplesmente impossível ficarmos sem falar um com o outro. Eu amo saber das suas coisas, da sua rotina, suas novidades. Adoro que você compartilhe esse seu conhecimento de mundo comigo. Em contrapartida, você se diverte com as minhas lerdezas. Acho que nem você sabe como tem paciência comigo. Eu nem ligo. A gente fica naquela de discutir sobre assuntos que ambos têm certeza, um contra argumentando com o outro. Até a hora que eu canso e finjo que você venceu. Detesto insistir no mesmo assunto por muito tempo.
Você sempre foi muito duro comigo e eu disse mil vezes que isso me magoava. Vivia me julgando em várias coisas e a gente acabava por brigar mais uma vez. Até que, depois de uma crise e muita conversa, a gente conseguiu se colocar nos eixos e aceitar aquilo que o outro tem a oferecer.
Assim, eu sei exatamente da tua importância na minha vida e pretendo te manter nela o maior tempo possível. Sei que você pensa do mesmo jeito. Mas acho que vamos ter que nos adaptar as mudanças de contexto um dia. Não sei se compreende exatamente o que eu digo, mas a nossa amizade não vai poder ser sempre assim, não é? Você não pode me esconder da sua namorada a vida inteira como se eu fosse uma amante. Um dia você vai ter que dizer a ela que eu frequento a sua casa e você a minha (um dia você vai frequentar a minha casa). A gente não precisa se manter na clandestinidade de nossas casas vazias só para poder passar um tempo juntos, falando besteira, contando a vida. Não há mal de nenhum nisso. Eu sempre vou ser a favor da sinceridade, você sabe. E, como não consigo desrespeitar certos princípios que tenho, a gente vai ter que encontrar soluções para poder se ver mais. Não entenda como falta de vontade de estar contigo. Jamais. Porém, eu já te expliquei milhões de vezes que não gosto disso de se encontrar as escondidas. Somos amigos, não temos um caso. E sabemos que isso nunca vai acontecer. Mas, você acha que evita certos tipos de conflito se fingir que somos coleguinhas de bate-papo. Eu aceito essa condição até que comece a interferir efetivamente no meu relacionamento contigo. Começou. A gente não está conseguindo se encontrar porque você está cheio de dedos com tudo isso.
Sinceramente? Esse tipo de coisa é besteira. Resolve isso. Estou com saudades de você. Adoro rir contigo. Gosto das tuas implicâncias, das tuas palhaçadas. Eu quero que continuemos sendo amigos, mas amigos de verdade, sabe? Que a gente possa sentar num dia ruim e beber até cair, contando tudo aquilo que aconteceu com ambos e buscando soluções. Quero que você continue me ligando, mesmo que não tenha nada realmente importante para dizer. Quero poder mandar mensagem para você quando eu tiver algo idiota para contar. Quero que continuemos sendo a gente, e cada dia melhores. Eu amo você e amo ter a sua amizade. Não vamos estragar isso, não é?





domingo, 21 de outubro de 2012

Seria assim, se assim fosse

Eu não posso te ver novamente de jeito nenhum, porque seria insuportável a vontade que eu iria ter de te agarrar e te roubar pra mim. Eu ia olhar para o teu sorriso e derreter dentro de mim mesma, lamentando cada minuto que passamos longe um do outro. Eu iria tremer inteira, meus batimentos iriam a mil. Minha face com certeza ficaria ruborizada e eu tentaria esconder a vergonha com o cabelo. Você iria chegar com o teu jeito solto, me cumprimentando como se nada tivesse acontecido; como se ainda fossemos nós dois. Eu iria sentir o choque irradiar para o meu corpo todo e minha vontade de te tocar gritaria aqui dentro. Com certeza eu iria me conter, só não sei por quanto tempo. As pessoas iriam olhar para nós procurando ver o que pode acontecer, e eu tentaria a todo custo me forçar a sair dali, mesmo sabendo que jamais teria forças para me despedir de você antes do necessário. Talvez você tentasse uma aproximação, não sei. A parte que vem de você eu não faço ideia. Só sei o que eu sentiria, pois seria o quádruplo do que estou sentindo agora ao escrever isso e imaginar o momento. Eu não espero por este, não mesmo. Até porque o temo demais. Não posso de forma alguma cair nos teus braços de novo. Você é perigosamente irresistível. Então eu tento ao máximo me distanciar e me esquivar das tuas garras implacáveis, porque não sei se consigo te manter longe quando você chegar perto.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A verdadeira essência de si mesmo

Se for para voar dos meus braços, que seja para um lugar melhor. Que o teu pouso seja seguro e construtivo, da mesma forma que foi comigo. Espero que a tua decência não te impeça de seguir em frente. Lembre-se que você é livre para viver e ser feliz novamente. Quando partir, porém, deixe-me o teu sorriso. Prometo guarda-lo com todo o zelo do mundo, pois, como diz na música Dos dias depois de amanhã, do Fernando Anitelli, “Teu sorriso eu vou deixar na estante para eu ter um dia melhor.” Que a magia deste invada qualquer ausência deixada por ti e que eu volte a transbordar da mais pura alegria que um ser humano pode sentir.
A caminhada só é trágica quando nos deixamos levar pelo que falta nela. A verdade é que não falta nada, pois temos a nós mesmos, e com isso, temos o todo. Mesmo que às vezes até esse todo tenha se curvado e perdido um pedaço de si. Reconstrua-se, então, tendo tudo ou nada ao redor. Ajoelhe e ore por misericórdia. Olhe para si mesmo e lute contra o que te possui e te faz ser menos seu e mais dos outros. Ninguém liga para a essência, de qualquer forma. A essência é tua. Você a valoriza e a modela. Qual o sentido? Todos os sentidos do mundo, pois ninguém é mais importante do que você mesmo.
Então eu me olho primeiro e sinto minha falta antes de pensar em sentir a tua. Se aqui, comigo, rodeado de todo o afeto que pude te envolver, você não quis ficar, não merece meu tempo de lamentações dedicado a ti. E que o vago te cubra por um tempo para que tu percebas o teu erro, nem que essa percepção dure apenas uma noite. Depois você vai ter o mundo nos teus braços novamente. Porém, sem o sorriso. Este ficou comigo como um presente de consolação; uma lembrança do que eu não possuo mais em minhas mãos.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sedes Sapientiae*

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Tire um tempo na sua vida e invista em si mesmo. E com tempo eu não digo algumas horas do dia que passa resolvendo problemas do cotidiano e tentando ser aceito na sociedade. Com tempo eu quero dizer uma temporada. Vá para um lugar distante de tudo aquilo que suga tuas energias e te afasta de quem você realmente é. Acorde bem cedo para poder sentir o sol frio da manhã. Sente em uma varanda e tome um café bem forte, mas bem adoçado. Nada de amarguras em seu paraíso. Não se esqueça de comer alguma coisa que te satisfaça, pois o seu dirá será bem comprido. Depois, vá caminhar parar liberar a energia que acumula, mas que nunca pode liberar. Aproveite para apreciar a paisagem e se sentir uma simples folha que dança no ar de acordo com o movimento do vento. Imagine ser um pássaro que voa livremente pelo seu azul. Explore com os olhos cada canto do seu paraíso particular e, se sentir necessidade, toque. Toque tudo que desejar tocar, pois tudo ali te pertence. Não haverá tristeza nem angustia por medo de ser rejeitado por tudo o que quiser tocar, porque cada pedaço ali é teu. O que não estiver ali invente. Você traz na memória seus maiores sonhos e é nesse lugar que deve realizar. Se entregue a emoção de estar vivo e respirando. Agradeça por tudo o que possuir e peça perdão por tudo aquilo que te desagrada em você mesmo. Se sentir necessidade, corra. Mas se o fiz, corra o mais rápido que puder. Gaste todas as suas energias nesse exercício físico para desocupar a mente e tratar do corpo. Ao final do dia, vista algo que te faça sentir confortável e bem consigo mesmo. Não vá para frente do espelhando esperando ver aquilo que os outros vão achar belo. A tua opinião é que está em jogo dessa vez. Finalmente trajado de forma adequada, pegue uma caneta e um papel para descarregar nele todos os seus medos e angústias. Aos que possuem o dom da música, componham, cantem, toquem, mas expressem-se, pois períodos como esses foram feitos para serem apreciados até a última gota. Nada melhor do que poder se criar dentro de si mesmo, sem receios, sem contenção.
* Sedes Sapientiae: Sede (lugar, casa) da sabedoria em latim.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Maturação

Queria conhecer alguém que me tirasse a noção; que me fizesse esquecer meus medos e neuras. Queria que tivéssemos uma paixão enlouquecedora e imediata. Poderia ser a partir de uma troca de olhares intensa e depois uma necessidade enorme de toque; Uma impossibilidade de espera. Não importaria a ordem desde que fosse mútuo. Não haveria jogos de conquistas, pois um já estaria arrebatado pelo outro. E então, que nos entregássemos um ao outro de forma quente e amorosa. Que houvesse um respeito tão puro como se nos conhecêssemos e estivéssemos juntos há anos. E ali surgiria um amor nato, mesmo que só tivesse duração naquele momento, pois aquele seria o momento. Não haveria arrependimentos ou mágoas. A graça teria sido aproveitada ali, de forma única e mágica. Nós teríamos nos amado profunda e verdadeiramente por uma única noite e essa teria sido suficiente para selar o sentimento. A experiência teria sido vivida e nós estaríamos prontos mais uma vez para enfrentar o mundo. Cada um do seu próprio lado. Só que desta vez estaríamos crescidos, amadurecidos e prontos para a vida. Quedinhas bestas não nos causariam mais dor. Estaríamos imunes a tudo isso que antes nos destruía. E agradeceríamos um ao outro durante toda a vida, mesmo que apenas em pensamento. Um saberia a importância que o outro teve, e isso seria suficiente.

domingo, 26 de agosto de 2012

Você e esse borrão de mágoas

É tanta confusão aqui dentro que eu nem sei como colocar para fora. Eu só sei que quero tirar isso tudo daqui, descartar toda essa saudade idiota que me faz pensar em você todos os dias. Eu quero tirar esse teu sorriso da minha cabeça porque ele só me faz mal. Para que você sorriu pra mim se iria embora logo? Os homens gostam disso, não é mesmo? Gostam de ver as mulheres rastejarem aos seus pés implorando por mais uma chance. Eu não sou assim, meu bem. Eu morro por dentro, mas continuo intacta por fora. E é isso que eu estou fazendo: destruindo cada resquício de doçura que possuo. Porque eu me permito gostar e me apaixonar para depois só ficar remoendo cada lembrança. Todo mundo segue com as suas vidas e resta eu aqui fulminando a felicidade alheia com o olhar. Eu não consigo ser feliz porque pessoas como você vêm para perto de mim para me fazer encantar, e depois partem sem remorso algum.
Eu odeio você por ter-me feito me apaixonar por ti. Eu odeio essa droga desse seu sorriso que eu anseio sempre. Odeio esse teu cheiro porque eu sinto saudade de dormir com ele depois de passar um dia agarrada contigo. Odeio o teu nome por ser estranhamente marcante e me fazer vê-lo nos lugares onde não há nada. Odeio o teu jeito de falar que me faz ficar falando sozinha os teus bordões só pra te fazer mais presente onde você não está. Odeio as pessoas ao teu redor, pois elas te têm e eu não. Odeio não poder me comportar como criança e deletar tudo sobre você só para ter que manter esta postura idiota de menina madura. Dane-se toda essa maturidade escrota já que ela não me ajuda a ficar com quem eu quero. Eu a odeio também. Do mesmo jeito que eu odeio todos os momentos que passamos juntos, porque eles não saem da minha cabeça de jeito nenhum. Odeio você e todos os homens que fazem eu me apaixonar porque nenhum deles presta e sempre vão embora antes de se tirarem de mim.
E depois desse ódio todo eu sinto pena de mim mesma. Choro por ser quem eu sou e pisar onde eu piso. Choro porque você é só mais um que veio e se foi, mas tiveram outros, e haverá mais. Mas eu não quero mais. Não aguento todo esse filme de novo. Quero um novo roteiro; novas histórias; mais sorrisos. Quero verdade. Outra vida. Quero outro eu.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Gracejos

Eu quero que minha voz seja o eco da sua e que possamos nos amar sem nenhum receio. Quero que o seu cabelo esteja sempre entre os meus dedos, e que as suas mãos macias sempre apertem a minha cintura e me puxem para você. Quero ter vontade de te ver e não ter vontade de sair da sua presença. O mundo podia começar a conspirar ao nosso favor e nos banhar da mais pura felicidade, sem a inveja nem a cobiça alheia, pois a gente só quer paz pra fazer a nossa guerra particular. A vida poderia ser generosa e nos resguardar a postura e a jovialidade, porque os hormônios adolescentes são muito mais interessantes de serem explorados e seguidos do que os maduros. Adultos tendem a se preocupar muita mais com o mundo ao redor deles do que com que está ao lado. Caso não fossemos concebidos com a benção da imortalidade na juventude, que possamos pelo menos manter o nosso vigor de sempre para viver os perigos que existem por aí sem nada a temer, só pela vontade de sentir aquela adrenalina a dois. Eu quero a tua presença nos meus momentos mais sombrios porque em você eu sei que vou encontrar a paz para lidar com os fantasmas que insistirem em destruir a nossa alegria. Não se preocupe em pedir que eu faça o mesmo, pois eu sou capaz de virar uma selvagem se alguém ousar tirar esse sorriso do teu rosto. Porque, você sabe, pelo teu sorriso eu faria qualquer coisa, arriscaria qualquer um. Que sempre que eu te peça um abraço você venha com um abraço e um beijo. Nada de dividir; vamos somar, multiplicar. E rir, sem medo, sem vergonha, só gracejos.

sábado, 4 de agosto de 2012

Votos de felicidade apodrecidos

Eu desejo realmente que você seja muito feliz, mas todas as vezes que eu fico sabendo de seus novos relacionamentos meu estômago se contrai e eu sinto como se minha garganta estivesse fechando. Eu tento dizer a mim mesma que não é nada mais do que o natural, já que você nunca foi o cara que permanece sozinho por muito tempo. Mesmo assim, aquela insegurança de que eu te perdi de novo vem e me corrói, como se cada vez que você estivesse só significasse que está me esperando e no momento em que está com outro alguém, me deixou. Isso tudo é besteira, eu também sei, porque nem eu nem você nos queremos novamente faz tempo. Mas essa sensação de perda sempre vem. Talvez isso não passe de uma inveja por saber que você está seguindo a sua vida e sendo feliz mais uma vez e eu estou aqui vivendo mediocremente porque eu tenho essa tendência à uma mediocridade forçada pelo destino. Ou talvez seja uma raiva profunda e esquecida de você, por te ver sempre feliz e acompanhado enquanto eu sempre esperei secretamente que você sofresse tudo o que me fez sofrer e assim, um dia, chegasse para mim pedindo perdão. Mas você me pediu perdão, eu que nunca fui capaz de me satisfazer com isso porque eu sou assim, suja e invejosa, querendo sempre mais só por me achar a coitada de todas as histórias. Eu sinto pena de mim mesma e tenho nojo de mim por me sentir assim. Eu tenho vontade de me arrancar daqui de dentro e me mudar inteira para finalmente poder parar com essa necessidade de piedade. Porém, eu sou o que eu sou, e eu não mudo porque os outros querem que eu o faça. Ninguém quer que eu faça absolutamente nada, essa é a verdade. Eu uso esse argumento extremamente falho para justificar o fato de que eu não quero mudar. Eu quero ser assim desse jeito que eu sou e quero que os outros me aceitem, mesmo sabendo que isso nunca acontecerá. E por isso eu acabo pensando em você de novo, porque você me aceitou uma vez e foi tão plenamente que eu tendo a me entregar aquelas memórias falhas e falsas. Você atuava com tanta perfeição e simplicidade que eu não consegui discernir se era sonho ou realidade. Não era nada. Era uma brincadeira, uma piada de mal gosto que nem você riu no fim. No fim só houve lágrimas, arrependimentos, desespero, um coração partido e um amadurecimento crucial. Ponto final.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Entre esses muros erguidos

– Você não é muito carinhosa. – Ele disse de uma maneira suave enquanto estávamos sentados um ao lado do outro no carpete da sala de jantar.
– É, eu sei. – Falei de forma natural, abrindo um sorriso tristonho.
– É assim? – Ele parecia desapontado.
– É assim o que?
– Não vai se defender?
– Contra o que? Você falou a verdade.
– Eu sei, mas achei que você me daria uma razão. – Ele abaixou a cabeça, recolhendo a mão que estava em minha coxa. – Mas parece que não.
– Você não entenderia. – E não entenderia mesmo. Como eu poderia dizer que eu estava apaixonada por outro enquanto ele estava sendo tão legal comigo?
– Tenta. – ele se voltou para mim, pegando minhas mãos.
– Desde o início eu fui assim. Não é agora que eu vou conseguir mudar. – Me defendi dessa vez. – Mas vou entender se isso não estiver satisfazendo suas expectativas e você quiser se afastar.
– Eu não quero me afastar. Nem quero que você deixe de ser o que é. – Ele me olhou com aqueles olhos cheios de compreensão. – Só quero saber o porquê disso.
Eu poderia muito bem abrir o jogo com ele e contar tudo. Mas eu não posso. Eu não quero fazer isso, porque ele pode ser como todos os outros, e se for, será apenas mais um. Em vez disso, fiquei quieta e me afastei.
Ele ficou onde estava, só me observando. Fiz o mesmo. E, como sempre, comecei a compará-lo com o quê eu realmente sentia falta. Eu sentia falta de todo aquilo físico antigo, da voz, do modo de falar. Eu sentia falta do cheiro, da mão lisa e fina. Sentia falta do formato perfeito das unhas e do ponto certo de masculinidade que as pernas representavam. Sentia falta dos lábios desenhados e daquela mania de passar um no outro. Daquela risada horrível, mas que estava rindo junto comigo. E depois eu senti culpa, porque era injusto com ele eu sentir falta de tudo isso enquanto ele estava ali todo para mim.
Me aproximei lentamente, tentando, de alguma forma, mostrar que também o aprecio. O que é verdade. Eu gosto de muita coisa nele, porém, estou sempre à caça de seus defeitos para assim justificar a minha falta pelo outro. O que é totalmente injusto e desleal, mas é humano.
Ele ficou quieto, não respondeu ao meu toque, e eu pensei seriamente em recuar. Porém, lembrei que a vida segue. Eu não podia ficar sentindo falta do passado o tempo inteiro. Ele estava ali para mim, não importa de que forma fosse. Então eu reuni todas as minhas forças e o puxei para um beijo. Ele respondeu de imediato, tornando o beijo muito bom. Eu fiz força para esquecer tudo aquilo em que sempre estava pensando e tentei, de verdade, abaixar meus muros e o deixar entrar um pouquinho dentro da minha cabeça. Mas os muros estão tão firmes atualmente que eu sinceramente não sei quando ele vai conseguir derrubá-los. E se vai.













segunda-feira, 16 de julho de 2012

Apenas mais um

É obvio que eu sinto sua falta. Eu aprendi a gostar de você, mesmo que eu não estivesse disposta a gostar de ninguém. É sempre assim, não é? Quando estamos bem conosco mesmos é que aparece alguém para acabar com a calmaria e te fazer temer o mundo mais uma vez. Você fez isso comigo. Apareceu, investiu, me fez rir e eu me encantei, mas fingi não ligar. Você mostrou se importar e foi mais gentil e carinhoso do que eu poderia esperar. Eu gostei e achei que seria seguro mostrar que também estava começando a me importar. Mas alguma coisa – porque sempre tem que haver algo de ruim aqui e acabar com as minhas alegrias – alguma coisa veio e te tirou de perto de mim. Eu fingi não me importar novamente porque eu sou orgulhosa e não aceito me ver por baixo. Mas eu comecei a sentir pena de mim mesma por mais uma vez estar sentindo falta de algo que não está mais comigo. Surtei, e comecei a sentir ódio do mundo por ser assim tão injusto. A questão não era você por si só. Claro que eu sentia a sua falta, que queria ter a gente de novo daquele nosso jeito gostoso que eu estava adorando, mas eu estava cansada demais dessa maneira que as coisas sempre acontecem, sabe. Você foi o só mais um que não deu certo por alguma força oculta que o destino sempre impõe para mim. Não estou sendo só negativa e pessimista, estou relatando os fatos. E isso cansa. Você deixou em mim um nojo em relação aos homens que eu espero carregar por um bom tempo, pois assim me mantenho imune a tanto teatro por nada. Não gosto de quem finge ser o que não é porque a verdade sempre vem à tona e magoa quem está sendo sincero. Não estou falando nada relacionamento à sofrimento, dor nem nenhuma dessas coisas que eu vivo escrevendo, estou apenas relatando um cansaço. Não estou sofrendo por tua causa, claro que não. A falta que eu sinto é natural e não vai demorar tanto a passar. Já o meu nojo… Ah, esse vai permanecer aqui por um bom tempo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Príncipe encantado às avessas

Eu não tenho mais aquela imagem perfeita de você. Não tenho a menor vontade nem intenção de estar com você novamente, da mesma forma que eu acredito que você não tenha. Sei muitos dos seus defeitos e quero bastante distância de todos eles, pois esses já me afetaram demais. Até mesmo das suas qualidades eu tento me manter distante porque elas sempre tiveram uma força magnética gigante sobre mim. A questão é a maneira como o futuro ao seu lado vem a minha cabeça. É exatamente isso o que acontece. Eu não consigo de forma alguma imaginar um presente em que estejamos juntos e convivendo felizes, mas quando penso no futuro sempre te vejo ao meu lado.
Não que eu ache que fomos feitos um para o outro ou coisas do tipo. De forma alguma. Até porque eu não acredito muito nisso. Foi você, aliás, que tirou todas essas crenças da minha cabeça. Porém, sempre que eu termino um relacionamento, você me vem à mente. É automático: Ah, com ele teria sido diferente. Ele teria me tratado de outra maneira. Sendo que você não teria me tratado de outra maneira simplesmente pelo fato de que você teve a sua chance diversas vezes e fez tudo completamente errado. Você tripudiou de mim, ignorou qualquer forma de respeito e consideração que devesse ter tido comigo na época. Eu te perdoei porque não sou capaz de guardar mágoas por tanto tempo, porém nunca esqueci o que foi feito. De bom ou ruim.
Eu não lembro do gosto do teu beijo, não lembro do teu cheiro, da tua voz, nenhuma dessas coisas que fariam garotas apaixonadas suspirarem por seus amores. Mas eu lembro de você como um todo. E esse todo me é suficiente para não te esquecer jamais.
Alguma coisa me prende à você de uma forma tão arrebatadora que eu seria capaz de viver uma vida inteira com diversas pessoas, porém, quando tudo desse errado no final – e sempre dá – minha mente se voltaria para você e eu lembraria mais uma vez que contigo teria sido diferente, mesmo sabendo que não é verdade. Não é verdade porque você e eu não conseguimos ficar juntos de forma alguma. Você é inconstante em tudo, não sabe o que quer e vive mudando de decisão. Em contrapartida, não perde aquela doçura só sua que eu constantemente me recordo. Juro que em todas às vezes que você me veio a cabeça foi de forma calma e singela. Simplesmente não consigo te imaginar estressado, gritando e sendo grosso comigo porque você não é assim. Acho que isso só reforça a minha ideia bem distorcida de príncipe encantado.
Você costumava ser meu príncipe encantado; que vinha em seu cavalo branco me salvar desse monte de lixo que vive ao meu redor. Mas são coisas que existem dentro da minha cabeça e que eu mesma não considero reais. Não acredito em príncipes encantados, felizes para sempre ou eternidade. Não acredito em alma gêmea, amor eterno e talvez nem em vidas passadas. Eu sou uma cética metida a intelectual que tenha justificar todos os “eu te amo” que as pessoas dizem umas para as outras, só pelo simples fato de eu não acreditar em amor. Ok, eu acredito em amor, mas não da forma como as pessoas dizem amar umas as outras. Por isso que eu não digo que te amei, pois não sei o que foi que senti por você e também não tenho necessidade alguma de definir, já que só eu conheceria essa definição.
A única coisa que me incomoda é essa insistência da minha cabeça de sempre recorrer a sua lembrança quando as coisas dão erradas em minha vida. É como se ela soubesse de alguma forma que você saberia bem o que fazer comigo. Alguma coisa mais forte do que a minha razão – fortificada pelo tempo, aliás – começa a trabalhar a seu favor e me faz sentir como se nós estivéssemos predestinados a um dia estarmos juntos. Como se, mesmo depois de tanto tempo, ainda pudéssemos nos acertar de uma vez e sermos felizes. Como se esse tempo em que estamos separados servisse para o nosso amadurecimento pessoal, porque enquanto cada um vive a sua vida separadamente, está aprendendo e se preparando para finalmente estarmos um com o outro. Porém, é loucura pensar uma coisa como essa. Como é possível que sejamos obrigados a viver longe um do outro, dizer eu te amo para outras pessoas, chorar e sofrer por outro alguém, quando na verdade, no final, estaremos juntos finalmente? Quando é esse final? Por que tudo tem que ser assim? Eu não consigo acreditar piamente em algo tão macabro bolado pelo destino. Juro. Talvez isso seja fruto da minha imaginação fértil que tende a querer viver uma vida de contos de fadas só pela simples necessidade de ser feliz eternamente. Talvez a minha rejeição pelo “felizes para sempre” seja, nada mais, nada menos, do que uma vontade encubada de viver esse “eterno”. Eu não sei realmente. Não sei se vamos nos reencontrar uma dia e se, nos encontrarmos, estaremos prontos um para o outro. Não consigo nem ao menos pensar que essa ideia maluca que me ocorre seja verdade, pois é insuportavelmente perigoso viver a espera de algo que você não sabe se uma vai chegar e nem se você irá querer aquilo que chegará.

sábado, 16 de junho de 2012

Sob o céu e o luar

Eu gosto daquele momento em que você me pega inteira e me joga no sofá para te fazer mais sua. Você me tira de mim com aquele seu hálito fresco, embaça todos os meus sentidos com o teu sorriso diabolicamente perfeito. Você me puxa pra bem perto de você de um jeito que eu sirva de encaixe junto com o teu corpo. Eu gosto daquela tua respiração acelerada, que entrecorta todas as suas palavras. Adoro quando você respira desse jeito perto da minha pele e diz que me ama de uma forma que nunca pensou ser possível amar alguém. Eu sempre pergunto por que você acha que o que sente é amor, e não só prazer. Você diz que já esteve com muitas mulheres e nenhuma delas te fez ter receio de perde-las como você tem de me perder. Na verdade, você sempre diz que nunca nem ao menos se importou de ligar no dia seguinte, porque sabia que todas eram iguais, não sairiam da sua vida levando nada que você pudesse sentir falta. Mas que comigo é diferente. Sempre reviro os olhos de contentamento quando lembro a minha importância dentro de ti. Como foi mesmo que você disse? Imagine o céu pela manhã com o intenso brilho do sol. Imaginou? Então, assim é como eu me sinto quando estou com você: iluminado. Agora imagine a noite. Você não consegue imaginar uma noite completamente escura, não é? Porque existe a lua. Está escuro, mas não um breu. É assim que eu fico quando estou longe de você. Agora imagine esse mesmo céu sem a lua. Não dá pra enxergar nada, pois não existe nada. Assim seria se você saísse da minha vida: um nada; um tremendo vazio. Quando relembro dessas tuas palavras a vontade que eu tenho é de me jogar nos seus braços, não importando onde estivermos ou quem estiver ao nosso redor, pois eu só quero provar que eu sou completamente sua. Que não haverá noites sem lua. Que por mim nem haverá noite nessa sua metáfora, pois eu quero estar contigo a toda hora, em todos os momentos.
Nosso primeiro encontro foi uma desgraça. Tentamos comer uma macarronada feita por mim, porém esta estava fria e grudenta. Eu ria nervosamente por ser esse desastre na cozinha, mas você não parecia ligar. Não estava ligando realmente. Você me disse mais tarde que havia perdido a concentração na comida no momento em que eu comecei a sorrir. Disse que ficou paralisado com a minha beleza e alegria e que nada mais o preocupava a não ser olhar para mim. Desistimos de comer e resolvemos abrir o vinho. Você, desastrado como é, conseguiu virar a taça perto o bastante de sujar a minha blusa. Eu sinceramente pensei que você tivesse feito de propósito, mas você jura de pés juntos até hoje que foi realmente sem intenção. Fui para o quarto mudar a blusa, porém você veio logo atrás de mim, me puxando pela cintura e me fazendo ficar de frente para você. Eu já estava apaixonada, meus olhos me entregavam. E você também estava, me contou depois. Você cravou aqueles seus olhos castanhos nos meus e delicadamente passou os dedos no meu rosto, descendo para os meus lábios, pescoço, e depois a usou para afastar os fios de cabelo que cobriam os meus ombros. Você então lentamente começou a beijar meu pescoço e meu ombro, fazendo com que eu perdesse o ritmo da respiração. Eu não o impedi, porém também não avancei. Fiquei exatamente como estava. Você parou de beijar meu pescoço e passou a olhar em meus olhos. Minhas mãos, involuntariamente, foram parar em seu rosto. Eu o acariciei ternamente, depois as cruzei em volta do seu pescoço. Você aproveitou a deixa e me puxou mais para perto de si, fazendo com que eu sentisse sua respiração em meus próprios lábios, porém deixando a escolha do beijo por minha conta. A espera não durou muito. Eu me agarrei aos cabelos de sua nunca para poder finalmente te beijar do jeito que eu estava ansiando fazia tempo. Começamos com um beijo lento, mas logo aumentamos o ritmo, pois nos desejávamos demais. Você me levantou, de maneira que eu pudesse entrelaçar minhas pernas em volta da sua cintura e entramos no quarto. Aquela foi a primeira das melhores noites da minha vida.
Você sabe o quanto eu sou ciumenta e gosta de me provocar com isso. Adora me deixar com a pulga atrás da orelha, pois diz que a minha cara de brava é extremamente sexy. Eu fico mais irritada ainda quando você diz essas coisas, porém a tua expressão de contentamento me fascina demais para me deixar presa em irritações idiotas. Eu me entrego a você com uma facilidade tamanha que às vezes me espanto. Você me faz sentir tão viva que tenho medo de que um dia você decida ir embora e eu perca a essência da minha alegria. Quando eu começo com esses assuntos você fica irritado. Odeia quando eu desconfio do teu amor por mim e detesta mais ainda eu considerar o fato de quem um dia você possa partir. Eu já te disse do meu céu sem lua, não é mesmo? Você acha que eu quero aquele vazio? Pois é daquele jeito que eu vou ficar sem você. E eu peço desculpas e te mimo pra você esquecer o que eu disse. Mas eu sempre volto com esse assunto, não é mesmo? Você sabe que eu não acredito em “felizes para sempre”. A última vez que eu te disse isso você me deu uma resposta que até hoje eu penso sobre. Quem disse que vamos ser felizes para sempre? Ser feliz o tempo todo é insuportavelmente entediante. Nós vamos ter os nossos dias de chuva também; dias em que vamos brigar tanto que iremos ficar infelizes. Mas aí cada um vai se lembrar do amor que temos um pelo outro e vamos fazer as pazes. Você sabe que eu adoro o jeito que a gente faz as pazes, não é? De acordo com você, esse será o nosso para sempre.
Quero entrelaçar minhas mãos nas suas e te levar para caminhar comigo, só pelo prazer de caminhar. Vem que eu te mostro a beleza do mundo. Onde houver tristeza nós levaremos a alegria. Tenho certeza que ninguém seria capaz de resistir à esse seu sorriso mágico. Você é fascinante, sabia? Tudo em você me tira o fôlego. O jeito que você caminha; que se aproxima das pessoas; que se aproxima de mim. A tua maneira de articular as palavras; o teu perfeccionismo com o português e o teu desleixo com os modos. Você não fala absolutamente nada errado. Quando tem dúvida de alguma palavra, guarda na memória para procurar o jeito certo depois. Meu dicionário lindo ambulante. Em contrapartida, você acha completamente normal falar com a boca cheia de comida ou mascar chiclete fazendo barulho. Também não faz a menor questão de se lembrar de pedir desculpas ou agradecer pelas coisas do dia a dia. Simplesmente não passa pela sua cabeça, e eu tenho que ficar te policiando para ser educado com o mundo. Você odeia o meu orgulho. Aliás, essa é uma das principais razões das nossas brigas. Você sabe que mesmo que eu esteja errada, eu não vou te pedir desculpas. Que eu vou ficar ali, me remoendo, mas que não vou dar o primeiro passo. Mas também sabe que quando eu tiver feito algo errado basta você aparecer na soleira da minha porta que eu vou correr para você e te abraçar o mais forte que eu puder. Você sabe que esse é o meu pedido de desculpas e a minha promessa de não repetir o erro. Nós nos entendemos muito bem dessa maneira estranha.
Você apareceu na minha vida quando eu estava desacreditada do mundo e das pessoas. Você me mostrou que os defeitos não são concentrados em todos; eles estão espalhados por aí e cada um está com o seu. Com você eu vi que as pessoas são muito diferentes umas das outras; que um erro cometido uma vez não necessariamente significa que será cometido de novo, só é necessário um pouco de cautela. Você me mostrou que ser cautelosa não é possuir um muro escondendo as emoções. Isso é ser covarde. E a covardia só nos afasta da felicidade. Eu tinha medo de ser feliz porque eu sabia que um dia a felicidade iria embora e me traria a tristeza novamente. Você veio e quebrou esse meu paradigma no momento em que me mostrou como é bom ter um momentinho que seja de felicidade. Há dores nessa vida que nunca serão fortes o suficiente para apagar a lembrança de uma alegria. Quando nos encontramos, nós nos salvamos. E, enquanto um trouxer coisas boas assim para o outro, permaneceremos lado a lado.



sexta-feira, 8 de junho de 2012

Reviravoltas

Tenho que admitir que às vezes eu sinto falta. Mas não é uma falta dolorosa como antes. Está mais para uma nostalgia, estar acostumada com. É aquele negócio de quando você resolve analisar o passado e percebe que muitas coisas já deixaram de existir. Mas sentir falta de pessoas que já foram importantes na sua vida é extremamente normal. Se você não sente falta, não teve importância, certo? A diferença é como, quando e porque você continua a pensar nessas pessoas. Tem gente que não está mais presente. Tem gente que não quis mais estar. E faz um tempo que eu descobri não precisar mais dar atenção àqueles que não estão comigo. Eu não fico mais dizendo “não pensarei mais em”, “não escreverei mais sobre”, “não falarei mais de”, porque não é verdade. Se está dentro de mim, vai sair de alguma maneira. Porém as lembranças tomaram outra forma aqui dentro. Elas se transformaram em algo, não natural, mas aceitável, real. E dessa forma não dói mais. É só aquele sentimento nostálgico que vem trazendo o que foi bom do passado; te fazendo lembrar de cada escolha feita e de cada momento que valeu a pena. Traz o negativo também, porém esse deixou de ser penoso quando eu aceitei a realidade da maneira que ela chegou para mim: inicialmente fria, porém sólida.
Tiveram os momentos em que eu estivesse profundamente machucada com tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Eu estava fraca, com a alma ferida e o coração partido. Eu estava de luto. Entretanto, o tempo passa. Acredite ou não, o tempo pode curar boa parte de nossas feridas, se nos permitirmos ser curados. Quando eu decidi abrir os olhos e encarar a verdade, percebi que necessitava ter forças para me levantar daquele breu imenso em que tudo havia me posto. Então eu passei a ver o que estava por vir. Eu passei a ter esperanças de dias melhores porque eu quis ter. Aquela minha fase de luto havia ficado para trás. Eu fiz questão de deixa-la lá e decidi me abrir novamente para o mundo. Vi que nada daquilo valia mais a pena, pois o tempo de tudo passa, e aquilo já estava com prazo de validade vencido.
Dessa maneira, eu ergui a cabeça em busca de cura. Queria purificar a minha alma poluída de dor, fúria e rancor. Queria voltar a ser quem eu era originalmente, mas que estava escondida debaixo daquela casca grossa e arrebentada. Eu escolhi mudar e seguir em frente.
Não desmereço o luto de ninguém, pois buscar forças para se levantar exige uma coragem fora do normal. Não importa o tamanho da estrada percorrida por cada um porque cada dor é única. Não importa quantas lágrimas você já derramou por alguém, pois a próxima vez que houver sofrimento e houver vontade de chorar, haverá mais lágrimas ainda. Não que tudo o que vivemos não sirva de aprendizado, mas esse é apenas uma armadura que te protege de sofrimentos superficiais. A essência da dor, toda vez que for experimentada, será nova. E nós temos que estar prontos para viver tudo isso. Mas nós nunca estamos, não é mesmo?

sábado, 19 de maio de 2012

Encantadora realidade

É muito bom poder sorrir livremente, sabe? Sem muitos pesos ou culpas ou sombras. Somente o fato de estar feliz e sem esperar nada já é engrandecedor. Não que seja fácil manter este distanciamento entra o esperar e o viver o momento, contudo, chega um tempo em que a única coisa em que você quer fazer é relaxar e deixar-se levar pela maré, sem preocupações com o que pode acontecer ou o que está sendo feito; sem muitos receios em avançar. Avançar simplesmente por ter vontade; vontade de seguir; vontade de viver.
Para alguém que passou tanto tempo controlando a vida de uma forma calculada parece algo impossível de se feito. Todos os impulsos vão contra; a cabeça gira de uma forma perversa em busca de pontos negativos que te façam se afastar da realidade. A realidade é o hoje, não o que era costumeiro de se construir. Aqueles castelos coloridos e perfeitos eram também imaginários. Bastava um abrir de olhos realista para que tudo desmoronasse com um simples sopro. Não que eu recuse a bondade e a graça da fantasia, de forma alguma. Nada como estar nas nuvens por algo que realmente nos encanta e nos faz acreditar que o impossível pode acontecer. Porém, isso cansa. Não existe, sabe? É como um livro que você saboreia a história com ansiedade e brilho nos olhos, mas que quando acaba percebe que nada naquilo existiu realmente. Não em sua própria vida, pelo menos. Não se pode viver de contos para sempre. É preciso sair um pouco da ficção e enfrentar a realidade de cabeça erguida.
Respire e se prepare. Não é fácil. Cada passinho que é percorrido trás uma angustia abrasadora. É a insegurança, e logo em seguida o medo de por tudo a perder. Mas a graça é essa: o medo; o não saber; o descobrir. Com certeza o beijo de alguém que você ansiou para conhecer é bem melhor do que aquele que você deu em um cara qualquer que conheceu em uma balada, simplesmente pelo fato de você não ter esperado acontecer. Na balada você sabe as probabilidades, na vida não. A surpresa e o inesperado fizeram toda a diferença.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

É incrível a facilidade que as coisas possuem de mudarem de uma hora para a outra. Um dia tudo é um paraíso, no outro um mar de trevas. Você nem sabe o que fazer direito já que tudo pode acabar num piscar de olhos. Cada passo dado deve ser friamente calculado ou displicentemente avançado? Eu devo pensar mil vezes antes de tomar uma decisão ou devo simplesmente deixar a vida me levar? São essas mil coisas que passam na minha cabeça quando tudo o que eu via como sendo o hoje, se torna um passado cada vez mais distante.
Eu tenho um pavor enorme de errar. Tenho medo de jogar minhas oportunidades fora por tomar decisões de calor de momento. Não que eu seja uma pessoa irracional ou algo do tipo, que saia detonando tudo o que está a minha frente sem nem ao menos pensar, mas minha cabeça gira muito antes que eu avance ou recue em algo. Mas é aquilo, eu recuo com uma facilidade gigantesca. Mesmo. Eu posso passar bastante tempo pensando sobre, porém se aquilo representa um risco para mim, meu instinto me puxa contra. Minha cabeça grita: afaste-se agora! E eu corro, fujo daquilo. O problema é que aquilo vem comigo. Eu não me afasto por inteiro; eu carrego aquela vontade comigo, a vontade de viver aquilo que eu fugi sem nem ao menos saber se daria certo ou não. Eu sou assim, medrosa, covarde, e isso é muito difícil de me tirar.
Não é que eu não queira viver, eu quero, e muito. Quero fazer de tudo um pouco, sorrir mais do que chorar. Quero estar com aqueles que querem estar comigo, que gostem de mim e me queiram imensamente bem. Porém, não consigo me entregar tanto às pessoas hoje em dia para chegar a esse nível de carinho. Aqueles que fazem parte do meu círculo de confiança hoje traçaram um caminho longo para chegar nele ou então apareceram na minha vida enquanto eu era tolinha, entretanto, não se aproveitaram disso, só me fizeram mais presente em suas vidas.
Eu não sou mais uma garotinha frágil, altamente quebrável e que abre mão do amor próprio com facilidade. Eu engrossei a minha armadura. Acho que antes eu nem possuía uma, pra falar a verdade. Eu ficava ali, de braços abertos esperando o que tivesse que vir. Não ligava para as feridas porque elas eram a prova de que eu sentia, e se eu sentia eu estava bem. Eu era facilmente atraída pelo falso, só pela pele de cordeiro que ele possuía. Eu era burra, e isso eu nunca mais vou me admitir ser.
Não sou uma rocha, não me entenda mal. Estou mais para um cofre de titânio que só revela seus segredos com o código certo. Eu aprendi a me guardar dentro de mim para não me perder novamente. É muito fácil sair, o difícil é permanecer, e permanecer bem, ainda por cima. Por fora eu sou cheia de vida e simpatia; sou a garota do sorriso fácil e da gargalhada escandalosa e contagiante. Eu defendo minhas teorias até o fim, mas aceito diferentes opiniões desde que não tentem mexer com a minha. Cativo as pessoas com minha simplicidade complexa e elas me cativam com suas demonstrações de afeto, bom caráter e humor. Tenho dificuldade com mudanças repentinas, pois elas possuem o costume de arrancar o tapete dos meus pés, provocando minha queda. Ninguém gosta de ser derrubado. Por isso, quando eu me levanto, eu volto dura e fechada. Não tento rebocar ninguém, não é do meu feitio (e eu queria que fosse), mas eu me fecho um pouco para o mundo para tentar me consertar sozinha. E, sinceramente, não vejo isso como um defeito. Há quem diga que sou dramática demais. Eu concordo. Mas esse drama todo me faz ver as coisas de uma perspectiva mais sábia, muitas vezes. Pode ser difícil de acreditar, mas muita seriedade diante de algo complexo, só trás más interpretações. Porém, sem julgamentos. Cada um com o seu cada um. Eu vivendo minha realidade e você a sua.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Trivialidades

E lá se vai a menina mais uma vez. Ela já conhece aquele caminho de cor, porém ele é sempre requisitado. Não que ela nunca tivesse tentado burlar essa regra – ela tentou dezenas vezes – mas nunca conseguiu realmente. Os atalhos que ela teimava em pegar sempre acabavam por levá-la de volta para sua rota original. Então ela seguiu.
A menina usava um vestido azul-celestial rodado que continha babados na barra de sua saia. Esta acabava um pouco acima de seus joelhos. Em seus pés havia sapatilhas, também azuis, porém esse mais escuro que o tom do vestido. Seus cabelos loiros caiam por suas costas em cachos, tendo um laço branco amarrado à cabeça. Que aparência principesca.
Ela aparentava ser uma menina comum que estava apenas de passagem por um percurso natural a todos. Porém essa não era a verdade. Ela deixara de ser comum fazia tempo; era vivida; sabia de coisas que muitos não faziam ideia. Por isso esse tão conhecido e trivial caminho a irritava tanto, assim como seus também conhecidos e sempre impossíveis atalhos. Ela queria mais. Queria ações boas dessa vez. Estava cansada de sentir medo, nervosismo, de estar em estado passageiro de graça. Estava cansada da ilusão , do abandono, do sofrimento. Ela queria mais do que isso e em algum lugar algo melhor estava a sua espera, ela acreditava. A garota estava cansada de chorar pelos cantos por tudo que se vai. E sempre se vai.
A menina era especial, ou, pelo menos, acreditava ser. Era boa, amiga, compreensiva, justa, entretanto, nada disso era reconhecido. O final estava sempre perto demais e este nunca acabava ali para todos os lados. Seus términos eram sempre sangrentos; dolorosos; lancinantes. Sempre acompanhados de lágrimas de desespero, e ela não aguentava mais isso. A menina queria seguir por um caminho diferente, novo, feliz. Ela gostaria de possuir memórias positivas, que deixassem seus olhos marejados de puro contentamento e não mais dor e desilusão.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Você não se lembra




Quando vou ver você de novo?
Você partiu sem um adeus, nem uma única palavra foi dita
Nenhum beijo final para selar qualquer pecado
Eu não tinha ideia do estado em que estávamos
Eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado
E o olho de um errante, e um peso na minha cabeça
Mas você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.
Quando foi a última vez que você pensou em mim?
Ou você me apagou completamente de suas memórias?
Porque muitas vezes eu penso onde eu errei.
E quanto mais eu penso, menos eu sei.
Mas eu sei que tenho um coração inconstante e amargura
E um olhar errante, e um peso na minha cabeça.
Mas você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.
Eu te dei o espaço para que você pudesse respirar,
Eu mantive minha distância, assim você iria ser livre,
Eu espero que você encontre a peça perdida
Para trazê-lo de volta para mim.
Por que você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.
Quando vou ver você de novo?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Estou com vontade de sentir aquele teu cheiro novamente; aquele cheiro de garoto já crescido que você costumava exalar quando chegava perto de mim. Estou com vontade de entrelaçar minhas mãos no seu pescoço e te puxar para mim; vontade de sentir a tua força quando agarrava os meus quadris e me puxava pra ti. Vontade de cravar meus olhos bem fundo nos seus e, ali, enxergar as tuas vontades, os teus desejos mais promíscuos, mas que eu sempre adorei. Estou com vontade de temer as tuas vontades, porém ao mesmo tempo ansiar por elas. Vontade também de enroscar meus dedos no teu cabelo macio pra te causar aquele arrepio e eriçar todos os seus pelos do corpo. Teu corpo. Estou com vontade dele também. Vontade de admirar as suas costas largas e, logo em seguida, deitar nelas para ter a sensação de possuir meu mundo em meu poder – debaixo de mim você não sai. Sabe o que eu também quero? Ouvir aquela tua risada gostosa de novo; essa risada ninguém tem igual e eu estou com uma vontade enorme de ouvi-la novamente. Quero passar o dia papeando contigo só pelo prazer de papear. Não precisamos ter necessariamente algo para compartilhar; só quero ter a certeza de que você está lá, me ouvindo e requerendo minha atenção. Aliás, não quero só passar o dia, quero a noite também. O que acha de matarmos mais uma madrugada só falando coisas sem sentido, escutando um a respiração do outro, dizendo bobeiras e piadas que só a gente entenderia, eim? Ah, que vontade de ter essa intimidade contigo novamente; de ter assuntos que só eram passíveis de compreensão se solucionássemos juntos. Vontade também do teu beijo. Na verdade, estou com vontade do meu beijo também, porque ele era muito melhor contigo. Tudo era muito melhor contigo, essa é a realidade.

sábado, 31 de março de 2012

Que tal abrir os braços e se deixar voar ?

Sim, é isso que pretendo fazer. Quero correr por entre a floresta; afastar as folhas que insistem em me impedir de continuar; quero tropeçar em uma raiz, porém levantar logo em seguida com as mãos cheias de terra por ter aparado a queda com elas; quero continuar a correr cada e cada vez mais rápido.  E então eu paro de sobressalto – cheguei ao perigoso penhasco. Aquelas pedrinhas épicas caem lá em baixo devido a minha brusca parada e, ao vê-las, dou-me conta do que realmente estou fazendo. O que estou fazendo? Parada em frente à um precipício como se estivesse prestes a me jogar dele, é isso? Olho para o horizonte e consigo ver o sol se pondo. Aquele momento em que o céu e o mar são um só. Essa é a hora em que o sol abre mão de seu reinado para que a lua possa ter o seu espaço no céu. Isso não é incrível? Abrir mão do próprio brilho pelo do outro em prol de um bem maior? Sim, o sol sabe que, por mais que seja belo e extremamente essencial, a sua hora chegou ao fim. A lua agora possui a função de tirar o mundo do breu da noite. O sol se vai, levando consigo sua luz, mas sabe que será substituído a altura. Que grandeza conviver com isso. O que eu sou perto de tamanha nobreza? Um ser humano confuso que vaga por entre a mata em busca de respostas sobre algo que nem ao menos conhece? Infelizmente, sim. Eu fico olhando toda essa imensidão, essa troca de papeis acontecer, e percebo o quanto de insignificância transmito nesse lugar. Decido então dar as costas para o céu e seguir de volta à mata, porém, uma rajada de vento vem de encontro ao meu corpo e parece puxar meus cabelos de volta. Respondo à isso voltando minha face em direção ao horizonte novamente. Agora as folhas estão dançando com o vento. O sol já quase não pode mais ser visto e a brisa está cada vez mais forte. Ouço as palmeiras atrás de mim se balançarem, cada vez mais insistentes. Tento novamente recuar de volta à floresta, porém as folhas parecem estar tão entrelaçadas que não encontro passagem. Desisto, voltando a ficar de frente para o mar, na ponta do penhasco. Depois de titubear, resolvo então ceder e abrir os braços como se eu fosse abraçar o horizonte. Ergo a cabeça, empino a coluna e finalmente me entrego ao ritmo do vento que tanto insistiu para que eu ficasse. Decido abrir mão de mim mesma como matéria, sou só espírito agora. Minha aura grita por misericórdia e redenção. Grita por liberdade e vitória. Meus pés avançam mais um pouco em direção à beira, e sinto meu corpo cambalear um bocado – não ligo. Minha alma está caminhando para a luz e meu corpo já fez seu papel na Terra; já abrigou essa pobre alma solitária por tempo suficiente. É hora de partir. Eu me deixo levar pela forte brisa, sinto meu corpo ser inclinado; agora o vento parece dar tapas em meu rosto de tão forte e rápido que o encontra. O fim está próximo. Não o fim de uma vida, e sim, o fim de uma era. É hora de recomeçar. Aquele conjunto – corpo e alma – se foi. Um novo eu está surgindo das cinzas.

sábado, 24 de março de 2012

E quando a saudade bate….


Eu tenho pensado muito em você ultimamente. Eu não tinha acesso a sua lembrança, porém, de uns tempos para cá, ela começou a se esgueirar para fora do meu interior, algo a está desbloqueando e eu não sei bem o que é. Talvez seja esse ócio que anda sendo a minha rotina, sabe? Eu fico o dia inteiro sem ter muitas responsabilidades para cumprir, então acaba sobrando muito tempo para pensar naquilo que eu não deveria. Claro que enquanto eu estava viajando tudo ficava mais fácil. Era uma outra rotina, novas pessoas, diferentes lugares. Havia muita coisa para me distrair, ocupar o meu tempo, minha cabeça e preencher o vazio do meu coração. Mas agora não. Em casa tudo é mais difícil. Eu nos vejo em todos os cômodos; eu ouço a tua voz no silêncio da madrugada; eu sinto seu cheiro dentro do meu quarto totalmente fechado. Está ficando difícil de suportar. Por causa disso, todos os dias eu tenho tido lapsos de culpa e arrependimento. “Será que eu tomei a decisão certa?”; “Será que ele realmente não se importa mais, ou é só seu orgulho idiota agindo outra vez?”; “E se aquela nossa última conversa tenha significado que ele se importava e eu exagerei?”. Esses pensamentos começaram a tomar a minha mente como um mosquito insuportável que fica zumbindo em meu ouvido. Demora um pouco, mas eu recordo a consciência e lembro que, sim, eu estava certa; sim, eu fiz tudo o que eu podia fazer e até o que eu não podia; não, eu não fui injusta ou exagerada, eu provei que tenho limite e amor próprio. Às vezes eu fico com medo de não estar indo atrás de você por orgulho, mas eu sei que a verdade não é essa. A questão não é orgulho, pois se fosse eu já teria ligado para você quando estava bêbada. A questão é o certo e e o errado. Você queria distância e eu te dei. Você queria que eu saísse da tua vida e eu saí. Você fez de tudo para que essa sua atitude parecesse loucura minha, exagero meu, para que eu me sentisse exatamente como me sinto às vezes: culpada. Você se aproveitou do fato de me conhecer tão bem para me afastar por mim mesma. Que coisa cruel de ser feita com aquela que você dizia ser “sua irmã de alma”. Mas você fez, não é? E ninguém pode voltar no tempo e mudar o que aconteceu. Eu queria, todos os dias, voltar e mudar alguma coisa para não estarmos onde estamos agora. Mas aí eu eu lembro que não tenho que mudar nada, pois quem mudou foi você. Mudou seu jeito de ser, mudou seus interesses e, arrisco dizer baseada em experiência própria, mudou seu caráter. Eu sinto falta do que fomos um dia, do amigo que você foi para mim e da amiga que eu fui para você quando você ainda queria. Ou seja, sinto falta de algo que não existe há muito tempo, e isso é muito triste de se admitir. Mas um dia passa, não é? E eu espero gloriosamente por esse dia. Enquanto isso eu fico tocando a minha vida e escrevendo sobre você quando sinto a sua falta.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Esses meus pensamentos...

Às vezes, eu fico me perguntando se você tem curiosidade de saber algo sobre mim. Eu não deveria, eu sei, contudo, torna-se mais forte do que eu pensar sobre isso. Eu me pergunto diversas vezes se você se preocupa com o meu bem-estar. Para os outros é uma resposta simples e clara: não, ele não se preocupa. Porém, não sei dizer com certeza. Claro que pode ser o meu próprio cérebro tentando fugir ao fato de que você não se importa mais, porque pensar nisso como hipótese me fere de uma forma que você nem pode imaginar. Entretanto, não é mais uma hipótese. É praticamente um fato.
Eu fiz aniversário, você sabia? Eu completei mais um ano aqui na terra, mais um ano te amando e desejando fazer parte da sua vida. Eu sabia que você não iria me parabenizar. Mas aquele meu pedaço, que é só teu e sempre vai ser, ficou esperando, durante todo o dia, por uma ligação ou mensagem tua. Esse pedaço queria fazer meus olhos marejarem ao ler o teu “Parabéns.” Você poderia não ter escrito mais nada, nada mesmo. Se você houvesse escrito apenas essa palavra, meu mundo teria ganho cor novamente; minha esperança seria renovada; você não só teria regado esse teu pedaço que tem dentro do meu peito como também teria regado a minha alma. Mas você não o fez, não é? Você ignorou essa data, pois era mais um dia da tua vida perfeita e, é claro, que você não iria gastar 10 segundos do seu tempo para dar os parabéns para alguém tão insignificante quando eu.
Eu lembro do seu aniversário. Lembro como eu fiz de tudo para memorizar a data dado o meu esquecimento em relação à essas coisas. Eu fiquei ansiosa esperando o momento de falar contigo e, quando chegou, lembro de ter ligado para você. Você sabia que eu odeio ligar para as pessoas para dar parabéns? Eu odeio. Não sei parabenizar ninguém. Sempre fico sem graça e, quando acabam os votos, fica aquele vazio de falta de assunto. Mas com você não. Eu não temi. Eu digitei o teu número com felicidade, ansiando ouvir a tua voz. Depois de te parabenizar, ficamos conversando com aquele nossa velha intimidade; um assunto após o outro, sem fim. Que falta eu sinto disso… Você não faz ideia.
Lembra quando eu dizia que a sua voz era sexy por telefone? Eu lembro bem. Você estava formando a voz, mudando de garotinho para homem. Eu dizia: “Amor, sua voz está tão sexy no telefone. Continua falando.” Eu era bobinha. Mas você também era. Dizia que a minha voz era muito boa também, e ficávamos ambos lá, admirando ambas as vozes. Eu lembro de fechar os olhos e usar a tua como uma espécie de canção para dormir (nossas conversas rendiam até a madrugada).
Mas isso acabou, não é mesmo? Essa espera idiota que às vezes tem dentro de mim é muito tola. Eu não sei no que ela se baseia. No amor? Ele está poluído, machucado, derrotado e abandonado. Não acredito que tenha forças para tanto. Não, ele tem. Infelizmente ele tem. Sabe, tenho vergonha de mim mesma por admitir isso sabendo que não haverá mais retornos, mas é verdade: eu te amo demais. Demais. Meu amor por você não acaba, não some. Fica aqui, preso dentro de mim. De vez em quando ele sossega, é claro, se não, não há coração que aguente. Eu aprendi a controlá-lo por bastante tempo, mas tem vezes que ele escapa de minha mão e arde aqui dentro. Vem uma saudade louca e uma necessidade enorme de você. Quando eu não consigo controlá-lo de imediato, ele fere.
Se eu tenho vontade de saber como você está? Muita! Eu queria saber se está se dedicando aos estudos, como você disse que faria. Queria te ajudar a fazer isso, porque, você sabe, eu conseguiria te manter focado e isso não seria um estorvo na minha vida, seria maravilhoso. Eu queria poder contar para você as coisas que andam acontecendo comigo. As boas e as ruins. Queria poder chorar contigo mais uma vez. Queria que tu me abraçasse de novo por medo da distância. Eu gostaria de compartilhar tanta coisa contigo… E eu não posso nem saber se você está bem. Eu não sei mais quando você está doente, quando tem uma gripe, quando está se entupindo de porcarias para ficar maior, mesmo não precisando. Não sei se está tomando a quantidade de água que tem que tomar ou se ainda está com a boca toda ressecada por dormir todos os dias no ar. Conhecendo você como conheço, sim você está. E eu queria poder ver tudo isso. Queria poder brigar contigo por isso. Queria te mandar beber água no meio das nossas conversas. Eu queria poder conversar com você ainda, amor. Nossa, como eu queria. Se eu pudesse voltar no tempo e reviver pelo menos um dia desses nossos tempos felizes, eu faria. Eu sinto muita falta disso, você não faz ideia. Eu me engano a todo o tempo fingindo que você não está mais aqui, mas você está. Sempre vai estar. Eu sou louca por você. Sempre fui. Eu tento muito não olhar pra trás, seguir a vida já que você não deveria mais fazer parte dela, mas eu não consigo. É tão difícil! Eu vejo as pessoas dizendo dos seus melhores amigos por aí, contando as coisas que passam com eles e eu lembro que eu não tenho mais isso. Eu não tenho mais o meu melhor amigo. Como pode uma coisa dessas? Eu nunca na minha vida pensei que um dia fosse escrever essas palavras! Nunca! E agora eu estou aqui, implorando para ninguém pela tua volta. Eu sei que você não lerá isso. Você nunca lerá nada do que eu escrevi para você. Nada! Tudo bem, eu nunca escrevi com esse intuito, mas saber que você leu significaria que você ainda se importa. Eu preciso tanto do teu sorriso de novo; das tuas gírias idiotas que eu nunca entendia; dos teus erros de português que eu adorava corrigir; preciso da sua inteligência e da sua praticidade; preciso dos teus conselhos e preciso da tua vontade de querer minha credibilidade e confiança de volta. Eu preciso tanto, amor, tanto! Você não faz ideia do que a tua ausência me faz. Eu tento todos os dias sair disso, me curar, viver a vida, mas você não está aqui. Como você pode não estar mais aqui? Você prometeu que sempre estaria. Por que você prometeu se não pretendia cumprir? Eu queria odiar você, mas é impossível odiar alguém por quem eu daria a vida. Você sabe disso? Eu daria a vida por você. Sem pestanejar. Às vezes, eu fico imaginando se um dia alguém chega para mim e diz que aconteceu alguma coisa séria contigo, um acidente, sei lá, ou até coisa pior. Nossa, eu acho que meu coração para no mesmo instante. Eu não vou aguentar. Claro que não. Só de pensar nisso perco o ar.
Chega. Eu disse tudo o que eu não deveria dizer. Mas eu não ligo. Você não vai ler. Eu escrevo isso para mim, na verdade. Para criar essa ilusão idiota de que estou dizendo todas as coisas para você. Elas nunca irã ser lidas nem ouvidas pelo real destinatário delas.

domingo, 4 de março de 2012

Remédios para grandes feridas

É incrível o poder de cura que alguns lugares possuem. Eles guardam para si sua beleza e suavidade, exibindo-as verdadeiramente apenas para aqueles que se dignam a visitá-los. Eu visitei dois desses lugares, e os devo reverências: ambos participaram efetivamente do meu processo de cura.
Eu estava sofrendo desesperadamente. A dor me sufocava, tirava meu foco, minha esperança, credibilidade, alegria de viver. Eu me sentindo rejeitada por qualquer coisa. Estava com uma ferida gigantesca no peito que não parada de sangrar. Qualquer aproximação um pouco grosseira que fosse já me tirava do sério. Meus nervos estavam em frangalhos. Eu me encontrava perdida no meu limbo pessoal.
Então eu fui para Praia Seca. Arrumei minhas malas, entrei dentro do ônibus com as amigas e parti para esse fim de mundo. Que fim de mundo delicioso! Caía uma chuva idiota do céu que estragava qualquer probabilidade de uma badalação a noite. Pois é, eu pensava que iria encontrar muita gente , alguma farra para me enfiar e bastante sol para dar uma queimada na minha brancura habitual. Não encontrei nada disso.
Paria Seca se mostrou um lugar tranquilo, um tanto monótono, pode se dizer. Mas é aquilo, você nunca sabe do que precisa até dar de cara com. Aquela monotonia trouxe paz para dentro de mim. Descrever o que eu fui sentindo na semana que passei naquela cidade é muito complicado, pois as sensações às vezes são tão plenas que você encontra dificuldade de defini-las. Vou tentar ser o mais precisa possível: eu estava perdida dentro de mim mesma, uma bagunça humana. Parte de mim quebrada, totalmente destruída; a outra estava parada, sem vida. Eu não conseguia ter forças para ativar nada aqui dentro, a não ser trevas. PS tratou de me invadir com seu ar salino, mover tudo o que aqui estava inerte e dar-me vida outra vez. Aquela lagoa me completava. Eu clamava por ela tanto quando ela clamava por mim. O vento frio não me incomodava; era terapêutico. Eu sentia a brisa bater no meu rosto e aquilo que confortava de uma forma tão ampla, que me fazia sentir bem comigo mesma, coisa que eu não conseguia fazia tempo. Tudo foi essencial: as pessoas, as amigas, a lagoa, a areia da lagoa, o vinho, a música, as conversas, as tequilas, as pizzas, o vento, as caminhadas, a chuva, a praia,...
Eu precisava daquela calmaria para me regenerar, por-me no lugar novamente para conseguir seguir adiante. A bagunça fora organizada. Eu estava pronta para a vida.
Então chegou o carnaval. Fui para Caxambu-Minas Gerais. Tenho que admitir. Estava extremamente receosa quanto a isso. Nunca fui fã dessa data, nunca nem ao menos tive vontade de sair de casa nessa época. Viajar fora arriscado, mas não pude me conter a oportunidade de mudar os ares. Foi nessa viagem que eu descobri a magia do carnaval. Foram 14 pessoas dentro de uma única casa. Catorze pessoas que fizeram daqueles dias maravilhosos. Aquela mistura de sotaque era deliciosa. Cariocas, paulista e mineiros como prato principal daquela loucura carnavalesca. Eu me vi no meio de um lugar desconhecido, com muitas pessoas desconhecidas e sem ter ideia do que fazer. Eu não precisei dela. Eu simplesmente me entreguei ao lugar. Aproveitei que a minha bateria havia sido renovada para carregá-la ao máximo. E como carreguei. Nunca me diverti tanto e por tantos dias seguidos como naqueles 4 dias. Foi espetacular. As ladeiras de Caxambu não me cansaram como todos disseram que iria acontecer; me revitalizaram. Eu passei a nutrir um amor por aquela cidade. Sinto falta da simplicidade dos mineiros, da simpatia sem receios destes; Sinto falta dos paulistas, das suas loucuras, idiotices, bebedeiras e principalmente da abertura que eles tiveram ao se deixar familiarizar por todos; Tenho saudades da paz e segurança da cidade, onde eu podia caminhar trêbada sem maiores receios de ser assaltada/abusada/sequestrada como tenho no Rio de Janeiro, rs. 
Eu deixei Minas Gerais com aquele gosto enorme de quero mais, essa é a verdade. Apaixonei-me por carnaval, por paulistas, por mineiros, por tudo! Eu consegui, com essas viagens, achar motivos para sorrir novamente. Elas me trouxeram expectativas por dias melhores; trouxeram-me esperança. Vi que me entregar a tanta dor e sofrimento só me faz perder o que a vida tem de melhor a oferecer. Sou nova demais para bancar a viúva injustiçada. Estou viva e sou perfeitamente saudável. Caí, mas já me levantei. E você?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A história de nós dois


Quando eu te conheci, três anos atrás, mais ou menos, você não passava de um pré-adolescente bobão. Tímido, mas brincalhão com aqueles que conhecia. Tinha um penteado ridículo e se achava feio. Eu concordo, você era feio. Ambos éramos, aliás. Eu tinha um cabelo horroroso e não passava de uma tripinha reclamona que gostava de tomar partido das coisas. Sentávamos perto um do outro e isso acabou nos aproximando. Eu tive uma quedinha por um menino da nossa sala (na escola) e você era apaixonado por uma colega minha dessa mesma sala. Eu ficava chocada com os seus métodos de conquista e resolvi te ajudar. Você ficava me ouvindo falar do menino que eu gostava sem reclamar, me dizendo quando e como eu estava errando. Conversávamos no telefone por horas e você odiava quando eu dizia que ia desligar porque queria ligar para o tal menino que eu estava a fim.
Passamos esse ano sendo amigos de sala e, fora da escola, grandes amigos. No ano seguinte eu me mudei e ambos receávamos perder a amizade um do outro. Ficávamos com medo de não conseguirmos mais nos ver, de um esquecer do outro. Isso não aconteceu. Pelo contrário, aliás. Não sei da onde, mas dentro de mim surgiu um amor incontrolável por você, que não media distância nem impossibilidades, só sabia querer mais e mais essa amizade enorme que havia entre nós. Você passou a ser meu melhor amigo, e eu, a sua. Depois de um ano de distância e horas a fio de conversa pelo telefone, nos encontramos, finalmente. Quando eu te vi caminhando em minha direção meu coração ganhou vida novamente. Aquele meu pedaço que estava contigo não estava mais distante. Nos abraçamos e ficamos conversando o tempo todo, colocando os assuntos em dia (sempre existiu assunto entre a gente, mesmo que nos falássemos todos os dias. Você até costumava dizer que queria ter tanto assunto com as garotas que estava a fim como tinha comigo). As horas foram passando e quando chegou o momento de partir, choramos a nossa despedida. Esse choro foi acompanhado de muitos soluços e promessas de “nunca” e “para sempre”.
Continuamos com aquela amizade arrebatadora. Eu ouvindo você reclamar da sua namorada-problema que achava que tínhamos um caso (não havia nem maldade entre nós, nossa!) e você me ouvido falar do cara que eu estava loucamente apaixonada, mas que havia me trocado por outra sem ao menos ter a dignidade de me dar uma explicação. Ouvia eu dizer o quanto eu queria que ele estivesse comigo e o quanto eu queria que ele sumisse quando ele resolveu aparecer novamente. Você me viu presa nesse rolo por um ano e meio, e eu vi você terminar com a aquela sua namorada dizendo que não gostava mais dela.
Nós nunca tínhamos tido uma briga para nos afastar. A primeira vez que realmente paramos de nos falar foi quando você mentiu para mim e eu, com raiva, contei coisas deturpadas sobre você para a sua namorada da época. Nossa, como me arrependo disso! Eu fui uma criançona idiota e não sei como você foi capaz de me perdoar pelo que fiz. Mas um dia a gente simplesmente voltou a se falar, você dizendo que confiava em mim cem por cento novamente, e eu, com problemas gigantes de confiança depois daquele meu caso, ficava com um pé atrás contigo. Porém isso não durou muito. Eu te amava demais e nós tínhamos uma empatia enorme para nos mantermos afastados. Voltamos a nos chamar por apelidos e a se declarar um para o outro como nos velhos tempos. A cumplicidade voltou e com ela veio a massacrante saudade.
Depois de mais um ano de distância, você havia crescido e eu também. Finalmente podia vir à minha casa me visitar. Foi o que fizemos. Você se livrou do compromisso que te prendia todos os finais de semana e marcamos de você passar o domingo comigo. Eu mal podia esperar para ver o meu melhor amigo novamente. Estava contando as horas para te abraçar de novo. As minhas amigas já estavam cansadas de ouvir o seu nome, pois eu falava da sua chegada a todo tempo. Sendo assim, fui te buscar onde havíamos combinado e, quando te vi, tudo mudou. Alguma coisa dentro de mim deu um clique, bem baixinho e discreto, mas deu. A primeira coisa que eu pensei quando te vi foi o quanto você estava gostoso. Juro! Logo depois balancei a cabeça afastando o pensamento, pois você era meu amigo, meu melhor amigo, e nada, jamais, poderia acontecer entre a gente. Por isso eu não percebi o clique de imediato. Fui ao seu encontro, você me levantou no ar em um abraço apertado, e fomos para a minha casa. O dia correu perfeitamente. Não havia buracos de silêncio constrangedores entre a nossa conversa, pois a intimidade que nos envolvia sempre foi gigantesca e não era nunca abalada pela distância que sempre nos separou. Mas nossos abraços estavam diferentes. Eram não só calorosos e aconchegantes; eram eletrizantes. O clique estava gritando em mim e eu não sabia distinguir que barulho era aquele. Tentei dizer à você o que estava acontecendo, mas não consegui. Mantive-me em silêncio, deixando tudo fluir naturalmente. Pois bem, fluiu. Nossa amizade foi modificada para sempre e de uma forma devastadora.
Nossos corpos passaram a se procurar e se necessitar intensamente. Não sabíamos o que estava acontecendo. Eu te queria tanto e de tantos jeitos que não sabia qual deles escolher. Você passava pelo mesmo. Depois de muitos conflitos e indecisões resolvemos seguir em frente já que parar onde estávamos só causaria sofrimento. Conseguimos nos manter por mais ou menos um mês nessa amizade com benefícios, até que a perfeição começou a ruir. Você não me mandava mais mensagens de saudade ou de carinho. Não escrevia mais dizendo o quanto queria me ver e o quanto havia pensado em mim. Logo em seguida, deixou de falar comigo. Passou a me ignorar totalmente. Não me respondia mais em lugar nenhum e, quando raramente o fazia, me deixava falando sozinha depois. Eu, que sempre fui a favor de tentar resolver as coisas primeiro em vez de se afastar sem saber o que estava acontecendo, fui falar contigo. Incontáveis vezes. De diversas maneiras. Mas você continuava me tratando do mesmo jeito, sempre afirmando (quando acontecia de me responder) que estávamos bem, que a amizade não estava sofrendo nenhum dano e que eu fazia tempestade num copo d’água.
Chegou o dia que eu cansei de correr atrás. Quando um não quer, dois não brigam, não é esse o ditado? Pois bem, aceitei te deixar partir. Excluí você de todos os lugares que poderíamos ter contanto. Fiz isso por dois motivos: para não ficar acompanhado a sua vida como coadjuvante, sabendo que você estava feliz sem me ter e que não fazia questão de falar comigo; e porque temia que, em um momento de fraqueza, eu pudesse me render e correr atrás de você mais um vez (como já aconteceu no passando graças a bebida). Depois disso você veio perguntar porque eu tinha te excluído, mas não parecia se interessar realmente. Parecia mais uma obrigação. Deu-me umas respostas indiferentes e voltou a fazer o que estava fazendo. Naquele dia você me destruiu. Eu chorei um choro desesperado, perdido. Não entendia como você, logo você, era capaz de me faz mal daquela maneira. Você empurrou mais fundo a estaca que antes havia cravado em meu coração. Dramática essa metáfora, eu sei, mas a dor que eu senti foi fora do comum.
Continuei sofrendo, cada dia mais. Eu estava me afundando em um buraco e, mesmo sabendo a saída, não consegui querer sair dele. Eu só queria você, de qualquer forma, de qualquer jeito. Eu não te amava mais somente como amigo, percebi, eu te amava como homem. Eu te queria como uma mulher quer um homem. Esse amor era tão grande, tão imensurável... acho que nunca vou amar alguém como te amei.
Fiquei nisso por um tempo, me afundando em coisas inúteis só para ocupar minha cabeça e assim conseguir distraí-la da dor. Mas isso ia chegar ao fim. Chegou. Um dia, sem mais nem menos, eu estava conversando com uma amiga, amigona, próxima mesmo, que você conhecia e sabia dessa nossa amizade. Eu estava conversando com ela quando a mesma me contou que você deu em cima dela. Você deu em cima dela! Na hora eu parei, olhei para ela, disfarcei, abaixei os olhos e passei a olhar para dentro de mim mesma. Primeiro eu fui possuída por um ódio gigantesco. Se você estivesse na minha frente naquele momento eu teria acabo contigo. De todos os jeitos. Fiquei com ódio da sua falta de moral, caráter, consideração, tudo! Depois veio a verdade: você não sentia absolutamente nada por mim mais. Amizade, amor, atração, o que fosse, nada. Eu passei a ser uma migalha de pão velha que você jogou aos pombos, pois te era útil.
Depois daquilo eu passei a querer te tirar de mim, e quando se quer algo que depende exclusivamente de si próprio, se consegue. Apaguei todas as suas mensagens do meu celular e as que eu havia te enviado também. Antes eu ficava remoendo essas lembranças como uma tolinha apaixonada. Eu deixei de ser. Parei de falar de você para as pessoas. Parei de procurar saber de você. Parei de chorar por tua causa ou de me entregar a qualquer sentimento que tivesse relação com a sua pessoa, seja ele negativo ou positivo. Você é passado para mim. Primeiro porque você escolheu isso, e agora porque eu quero.
De alguma forma eu sempre vou te amar. Sempre vou me lembrar de você de um jeito bom na maior parte das vezes, mas não vai passar disso, porque se ameaçar passar, eu vou impedir. Essa história de “guardar só as memórias boas” só da certo para quem está em um estágio bem avançado de iluminação. Comigo isso só funcionaria como incentivo para correr atrás. Por isso, por enquanto, não quero lembrar de você de jeito nenhum. Não vou me deixar encher os olhos de lágrimas por sua causa outra vez. Um dia, quem sabe, eu me deixe pensar em você novamente, e quando o fizer, será de forma madura e humorada, para rir das besteiras que eu possa ter feito e apenas continuar seguindo com a minha vida.
Por agora eu digo que te evito, pois estou em estágio de recuperação. Eu te amo. Muito, absurdamente. Mas você não merece esse amor, nem o quer. Então eu vou guardá-lo, enterrar esse sentimento comigo, tentando sempre usá-lo como aprendizagem e esperando sempre conseguir seguir em frente. Mas lembre-se: você quebrou todas as nossas promessas. Só hoje eu posso ver que o nosso “para sempre” nunca existiu.