quarta-feira, 2 de maio de 2012

Trivialidades

E lá se vai a menina mais uma vez. Ela já conhece aquele caminho de cor, porém ele é sempre requisitado. Não que ela nunca tivesse tentado burlar essa regra – ela tentou dezenas vezes – mas nunca conseguiu realmente. Os atalhos que ela teimava em pegar sempre acabavam por levá-la de volta para sua rota original. Então ela seguiu.
A menina usava um vestido azul-celestial rodado que continha babados na barra de sua saia. Esta acabava um pouco acima de seus joelhos. Em seus pés havia sapatilhas, também azuis, porém esse mais escuro que o tom do vestido. Seus cabelos loiros caiam por suas costas em cachos, tendo um laço branco amarrado à cabeça. Que aparência principesca.
Ela aparentava ser uma menina comum que estava apenas de passagem por um percurso natural a todos. Porém essa não era a verdade. Ela deixara de ser comum fazia tempo; era vivida; sabia de coisas que muitos não faziam ideia. Por isso esse tão conhecido e trivial caminho a irritava tanto, assim como seus também conhecidos e sempre impossíveis atalhos. Ela queria mais. Queria ações boas dessa vez. Estava cansada de sentir medo, nervosismo, de estar em estado passageiro de graça. Estava cansada da ilusão , do abandono, do sofrimento. Ela queria mais do que isso e em algum lugar algo melhor estava a sua espera, ela acreditava. A garota estava cansada de chorar pelos cantos por tudo que se vai. E sempre se vai.
A menina era especial, ou, pelo menos, acreditava ser. Era boa, amiga, compreensiva, justa, entretanto, nada disso era reconhecido. O final estava sempre perto demais e este nunca acabava ali para todos os lados. Seus términos eram sempre sangrentos; dolorosos; lancinantes. Sempre acompanhados de lágrimas de desespero, e ela não aguentava mais isso. A menina queria seguir por um caminho diferente, novo, feliz. Ela gostaria de possuir memórias positivas, que deixassem seus olhos marejados de puro contentamento e não mais dor e desilusão.

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