domingo, 16 de junho de 2013

19 + 30 = 49

O tempo vai passar, independente do que façamos para retardá-lo. Vamos fechar os olhos num dia e acordar 30 anos depois: casados, com filhos, emprego, contas à pagar. Teu sonho de uma vida todo pode estar completamente perdido, ou completamente ganho.

Pensei em adiantar o dia para chegar ao final mais rapidamente. Aí lembrei que se eu fizer isso, em algum momento da minha vida vou me arrepender de não ter aproveitado aquelas horinhas que me eram disponíveis. Minhas 24 horas atuais passam a passos de cágado, mas daqui a 30 anos eu vou é querer que grudem no chão e paralisem no tempo. 19 + 30 = 49. Com quarenta e nove anos eu vou estar na soleira da porta da casa dos 50. E me arrepio só de pensar. Ter cinquenta anos deve ser algo surreal. É dar de cara com meio século vivido, cinco décadas de tudo ou nada. Deve ser se olhar no espelho e enxergar trilhões de rugas. Ou então se entupir de produtos rejuvenescedores para tentar aliviar a velhice. Aí eu lembro que a minha mãe tem quase 42 anos. Quatro décadas inteiras vividas e continua maravilhosa. Por fora mostra sinais de velhice, com certeza. Quem não mostraria? Porém tem um corpo de dar inveja, energia de sobra. É uma pessoa viva. Penso também na minha sogra. Linda de morrer, meu Deus. Pele de pêssego, corpão. Outra que tem vida dentro de si. E ela está mais próxima do cinquenta do que a minha mãe.

Sendo assim, reflito, por que eu temo tanto? Aos 13 anos meu sonho era ter 16. Eu achava que seria a idade do sucesso. Aos 16 eu não me sentia nem um pouco glamorosa quanto achei que fosse me sentir. Hoje, com 19, as coisas melhoraram bastante. A maioridade chegou, junto com faculdade, trabalho, responsabilidades. Quando que eu pensei que estaria pagando contas! E me pego tendo saudade da época em que minha maior preocupação era ter tempo de montar minha casinha de Barbie perfeitamente e ainda conseguir brincar com ela. Mas não me arrependo. Não me arrependo de ter deixado o fluxo do rio seguir; de ter me deixado levar e evoluir porque isso me fez ser maior do que um dia eu já fui. E por mais que eu não seja aquilo que eu gostaria de ser, eu tento mudar. Tento ser alguém melhor todos os dias em que acordo, pois não tem nada mais degradante do que não estar satisfeito consigo mesmo. Desse mal eu não quero nunca me deixar ruir.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

E se…

E se você for e não mais voltar? Se descobrir que lá é o seu lugar? Dói a distância que vai existir de você. Dói mais ainda imaginar que você pode não percebê-la, apenas enxergar tua proximidade com o teu antigo mundo. Você pode acabar vendo que o antigo torna-se novo em um piscar de olhos. O atual vira passado desperdiçado em um pedaço de papel jogado ao chão. Você pode resolver fechar o blackout da janela e se esconder ali, fazendo a limpeza que tanto necessitará. Prateleiras serão esvaziadas para dar espaço para o seu “novo antigo eu”. Você se deita e percebe que é aquilo que sempre sonhou. Houve apenas um desvio de seu verdadeiro caminho. O cantar dos pássaros te chama para mais perto e você pega tuas coisas e volta para a tão querida terra desértica. Olha para trás apenas uma vez, uma despedida, um agradecimento pelos momentos de felicidade, pela originalidade que lhe foi proporcionada. Você sente por causar dor, derramamento de lágrimas e afins, porém isso passa. Você é blindado contra os males da despedida. E assim vai. Pega sua tão esperada estrada e volta para onde sabe que nunca deveria ter saído. Virou a página; jogou os restos fora; retomou o seu destino.

sábado, 1 de junho de 2013

After the hurricane, comes the rainbow

 

A gente acaba descobrindo que é fácil ser feliz. Jogamos as preocupações bestas pela janela, passando a focar no que realmente importa. Sorrir pelo sorriso do outro.

Fecha os olhos e sente o toque, se envolve, se aconchega. Isso basta, isso é felicidade. Isso é viver sem pressa, sem reclusa. É dar e receber. É ser e estar. É perceber e não julgar. É aceitar e perdoar.

A ferida sangrou, mas a gente soube curar porque faz parte da vida passar por chagas antes de entrar em estado de graça. Se passássemos a vida inteira sorrindo, não haveria maxilar que aguentasse. A mesmice faz desabar a maior das perfeições.

Nada como um furacão antes de um arco-íris.
E que furacão devastador.
Veio e pensei que fosse me tirar a vida.

Arrancou meu fôlego, drenou meu corpo, liquidou minhas esperanças, arruinou meu riso.
Mas que arco-íris divino. Veio com tanto sorriso, meiguice. Trouxe luz, paz, aconchego, fogo, beijo. Veio com paixão que gruda e não larga. Umas garras enormes que grudaram em mim e eu não consigo nem ter vontade de tirar. Faz com que eu olhe pra trás e não consiga mais enxergar toda a destruição do furacão. Meu arco-íris reconstruiu tudo, e de um jeito bem melhor.

Eu tentei fugir e não deu. É muita luz e tão magnética que eu sei que não dá pra resistir. Fiquei. Ficou. Ficamos nós nesse brilho; cegos, malucos, insanos.
Criamos a nossa cidade interna e particular. Criamos o nosso lar e iluminamos cada pedaço dele. Seja com fogo, seja com calmaria.

Sempre há mais sorrisos do que lágrimas.
Muito beijo e mordida. Quando beijo e mordida.
E tudo. E mais nada.
A gente não precisa mais de nada, só da gente mesmo.

 

“If you only knew

What the future holds

After a hurricane

Comes a rainbow

Maybe a reason why

All the doors were closed

So you could open one

That leads you to the perfect road”